Os consumidores de café podem ter menos risco de desenvolverem câncer no fígado, segundo um estudo comparativo que confirma uma relação inversamente proporcional entre o consumo de café e o risco de câncer hepático. A doença é a terceira causa mais comum de morte por câncer no mundo.
O estudo também descobriu que os níveis mais altos de gama glutamil transpeptidase (GGT) no sangue estão associados a um alto risco de desenvolver a doença.
A equipe liderada pelo doutor Gang Hu da Universidade de Helsinki examinou as associações entre o consumo de café, o soro GGT e o risco de câncer hepático em um amplo espectro populacional. Os moradores da Finlândia bebem mais café per capita do que os japoneses, os norte-americanos, os italianos e mais alguns povos da Europa. Assim, Hu e seus colegas estudaram 60.323 voluntários finlandeses, com idades entre 25 e 74 anos, que não tinham câncer. Os finlandeses foram incluídos em vários levantamentos de população, realizados entre 1972 e 2002, e continuados até junho de 2006.
Os participantes preencheram um questionário via email sobre seu histórico médico, fatores socioeconômicos e hábitos alimentares e cotidianos. Para um grupo de participantes havia dados clínicos, incluindo os níveis de GGT. Os dados sobre diagnósticos de câncer foram retirados do registro nacional de câncer da Finlândia.

De acordo com as respostas à pergunta "Quantas xícaras de café você bebe por dia?", os participantes foram divididos em cinco categorias: 0-1 xícara, 2-3 xícaras, 4-5 xícaras, 6-7 xícaras, 8 ou mais xícaras. Após um período médio de acompanhamento de 19,3 anos, 128 voluntários foram diagnosticados com câncer de fígado.
Os pesquisadores perceberam uma significativa relação inversa entre o consumo de café e o risco de ter a doença. Eles descobriram que o risco de câncer no fígado diminuía proporcionalmente a cada grupo que consumia mais café. O índice caiu de 1,00 para 0,66, 0,44, 0,38 e 0,32, respectivamente.
"Não conhecemos, no entanto, todos os mecanismos biológicos presentes na relação entre o consumo de café e o risco de câncer", enfatizaram os autores.
Eles também descobriram que os altos níveis de soro GGT estão associados a um elevado risco de câncer no fígado. A proporção de risco da doença entre os pacientes com níveis extremos de GGT é de 3,13. "Não obstante", destacam, "a relação inversamente proporcional entre o consumo de café e o risco de câncer no fígado era constante em todos os sujeitos observados, para qualquer nível de soro GGT."
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