Um herói é alguém que consegue combinar predestinação e obstinação em grandes doses. Marcos Evangelista de Moraes é herói para seu povo. Como todo grande nome das histórias em quadrinhos ou da televisão, possui um codinome. No campo de batalha ele é Cafu.
Por doze vezes Cafu ouviu que não havia qualquer possibilidade de vir a ser um jogador profissional de futebol. Mas esse era seu sonho e ele seguiu tentando. Só de ter chegado ao time principal do São Paulo, já poderia ser considerado um herói. Mas ele queria mais.
Integrou um dos melhores times que o São Paulo já teve, ao lado de craques como Raí, Leonardo e Muller. Ganhou títulos e projeção internacional. Trabalhou com Telê Santana, que o transformou em lateral.
Nessa posição, logo se tornou fundamental para a seleção brasileira. Na Copa de 94, foi reserva de Jorginho. Depois do final da competição, assumiu a camisa 2 canarinho e não mais a largou.
Foi jogar na Espanha, voltou para o Brasil, foi lateral no time do Palmeiras que encantou a todos com espetáculos e mais de 100 gols em um Campeonato Paulista.
Mudou-se para a Roma e mesmo em solo italiano manteve sua regularidade. Participou do elenco que deu o terceiro título nacional ao time, depois de um jejum de 18 anos sem conquistas.
Foi titular do Brasil em mais duas Copas. Tornou-se o primeiro homem a participar de três finais consecutivas de mundiais. Cafu esteve sempre nos lugares certos, nos times certos.
Ergueu a taça em 2002 e eternizou sua imagem na galeria do esporte mundial. Mostrou a todos seu grande amor ao dizer, com a taça na mão, "Regina, eu te amo".
Definitivamente, Cafu é um herói. Um homem que saiu do Jardim Irene e ganhou o mundo com seu jeito simples e com sua imensa dedicação. E como todo grande herói é romântico. No momento apoteótico de sua carreira, fez um gesto que também eternizou a mocinha da história.
Na manhã do dia 7 de junho, Cleuza de Moraes entrou no Hospital Municipal de São Paulo. Era 1970 e o país estava hipnotizado por uma força chamada Copa do Mundo, mas para ela os momentos decisivos ocorreriam fora de campo.
Atravessando o período final de sua gestação, Cleuza sabia que havia chegado a hora do nascimento de seu rebento.
Enquanto seu parto era realizado, o Brasil enfrentava a Inglaterra, que havia vencido o mundial anterior. As atenções de todos no hospital estavam divididas entre a chegada do bebê de Cleuza e as jogadas mágicas de Pelé, Gérson, Tostão e companhia.

"Vamos, Pelé. É hora de você nascer. Eu quero ver o fim do jogo", afirmou uma das enfermeiras. Às 14h30, nasceu Marcos. A criança veio ao mundo com 3,6kg e 50 cm.
Pouco tempo depois, aconteceu o fim da partida. O Brasil venceu por 1 a 0 com um gol do Furacão Jairzinho. A magia do futebol começava a envolver o pequeno garoto.(gazetaesportiva)
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