Sydney - 2000
Longe das ameaças de boicotes e atentados, comuns na década de 80, Sydney abrigou a 24ª edição dos Jogos em clima de tranqüilidade. A grande preocupação dos organizadores ficou por conta dos protestos prometidos pelos aborígenes australianos, mas nenhum incidente foi registrado. O maior problema foi mesmo o fuso horário, que atrapalhou a maior parte do público mundial - o ocidente.
Os maiores destaques das Olimpíadas vieram debaixo d'água. Foi da natação o maior número de recordes batidos, a grande maioria obtida pelos holandeses Pieter van den Hoogenband e Inge de Brujn. Juntos, eles conseguiram cinco medalhas de ouro e quatro recordes mundiais. Hoogenband foi também uma das surpresas ao desbancar astros como o "torpedo" Ian Thorpe, nos 200m nado livre, e o até então imbatível Alexander Popov, na final dos 100m livre.
Entre as decepções, a equipe australiana de tênis deixou sua torcida frustrada. Patrick Rafter, Lleyton Hewitt, Mark Philippoussis e Andrew Illie, todos em posição de destaque no cenário mundial, não chegaram sequer às quartas-de-final do torneio de simples. Já o atletismo teve em Sydney uma das piores disputas da história dos Jogos: nenhum recorde mundial foi quebrado, o que não acontecia desde as Olimpíadas de 48.

Decepção também na campanha brasileira na Austrália. Nunca o país esteve tão bem representado em tantas modalidades diferentes. No tênis (com Gustavo Kuerten), hipismo (Rodrigo Pessoa), iatismo (Robert Scheidt) e vôlei de praia (Zé Marco/Ricardo e Adriana Behar/Shelda), o Brasil tinha os melhores do mundo. Tudo levava a crer que estes atletas levariam o país a superar o recorde de 15 medalhas conquistadas quatro anos antes, em Atlanta.
A delegação brasileira voltou de Sydney com 12 medalhas. Não foi esta a grande frustração, mas sim o fato de que nenhum atleta do país subiu no degrau mais alto do pódio. Ao todo, foram seis medalhas de prata e seis de bronze. Todos os grandes favoritos fracassaram.
Na pior imagem para os brasileiros, o cavalo Baloubet de Rouet refugou três vezes em sua última passagem e tirou de Rodrigo Pessoa a medalha de ouro. Na vela, o britânico Ben Ainslie bloqueou Robert Scheidt na última regata e o impediu de vencer a classe Laser em uma manobra bastante questionada pelo brasileiro.
No vôlei de praia, as favoritas Adriana Behar e Shelda cometeram inúmeras falhas e acabaram derrotadas pela australiana Natalie Cook e Kerri Ann. No pódio, o choro de Behar era só mais uma imagem amarga para os brasileiros.
O futebol masculino, mais uma vez, decepcionou ao perder para Camarões. A maior conquista ficou por conta do atletismo, que conquistou uma prata ao perder apenas para os norte-americanos no revezamento 4x100m livre. Boas notícias também no judô, com as pratas de Tiago Camilo e Carlos Honorato.
Curiosidades
- Eric Moussambini conseguiu colocar Guiné Equatorial na história dos Jogos. Ele não conquistou nenhuma medalha, mas fez o pior tempo já registrado na natação em uma competição olímpica. Sem nunca ter entrado em uma piscina oficial, ele levou 1min52s72 para completar os 100m livre com seu nado cachorrinho - o medalha de ouro, Pieter van den Hoogenband, precisou de 47s84.
- O Brasil chegava aos últimos dias de Jogos sem uma medalha de ouro sequer. A responsabilidade de levar a bandeira verde-amarela ao degrau mais alto do pódio ao menos uma vez ficou a cargo de Rodrigo Pessoa. Tricampeão da Copa do Mundo e até então imbatível montando o cavalo Baloubet du Rouet, a vitória era tida como certa. Mas o animal deixou Pessoa na mão, ao refugar três vezes em um mesmo obstáculo. No final, o brasileiro acabou desclassificado e o Brasil deixou Sydney sem nenhuma medalha dourada.
- O lutador russo Alexander Karelin foi o protagonista de um dos resultados mais surpreendentes dos Jogos de 2000. Tricampeão olímpico na luta greco-romana, ele não perdia uma luta há nada menos que 13 anos. Como era esperado, ele chegou até a final, mas acabou sendo derrotado pelo norte-americano Rulon Gardner.
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