Em uma equipe de estrelas, ele talvez seja a maior. Paranaense de olhos azuis e pinta de galã, Gilberto Godoy Filho, o Giba, é um dos destaques da badalada seleção brasileira masculina de vôlei, bicampeã mundial e campeã olímpica em Atenas-2004. Além de fazer a torcida feminina suspirar, o ponteiro tem o poder de ver os adversários tremerem quando ataca.
Titular absoluto da seleção brasileira, depois de várias idas e vindas, o atacante vem acumulando medalhas com o time nacional desde 1995 e esteve nas conquistas mais importantes da equipe comandada pelo técnico Bernardinho. Por outro lado, é fato que sua lista de títulos defendendo a camisa verde-amarela é bem maior que a dos conquistados por clubes. O último foi a Copa Itália de 2006 pelo Cuneo, que encerrou um jejum de cinco anos depois de levantar a taça da Superliga 2000/2001 pelo Minas. Foi seu último campeonato disputado em terras tupiniquins. Desde então, a torcida brasileira só pode acompanhá-lo à distância ou nas raras vezes em que a seleção passa pelo Brasil.
Na Itália, Giba já defendeu o Ferrara e o Cuneo. Atualmente casado com a jogadora romena Cristina Pirv, com quem tem a filha Nicoll, o camisa 7 da seleção brasileira está no emergente voleibol russo, mais precisamente no Iskra Odintsovo. Não há como negar que a constituição de uma família fez muito bem ao jogador, que passou por maus bocados no final de 2002, quando acabou pego no antidoping por uso de maconha. Julgado, cumpriu pena mínima e voltou às quadras no final de 2003.
Segundo ele, o uso de maconha ocorreu em um momento difícil da vida pessoal. "Foram vários problemas de uma vez só e fiquei abalado. Sou uma pessoa fechada, não sou de falar. Resolvo meus problemas sozinho. Mas isso serviu para colocar a cabeça no lugar e saber o que é certo. Sou um símbolo, um exemplo para as crianças e vou continuar sendo", garantiu o atleta.
Promessa feita, ele voltou às quadras apresentando o mesmo bom rendimento. Seu afastamento da seleção não foi sequer cogitado e ele ajudou a equipe a conquistar mais um título na Liga Mundial. No jogo decisivo contra Sérvia e Montenegro, um dos mais emocionantes da história, que só terminou em um tie-break que foi a 31/29, ele não começou como titular, mas foi o responsável pelo último ponto. "A gente, dentro da quadra, está nervoso, mas está tranqüilo também porque está ali", tentou explicar, sobre a tensão do longo último set da partida.
A tranqüilidade é mesmo uma virtude que deve ser bastante praticada pelo jogador, que já passou por momentos bem complicados. O doping foi o mais recente, mas pode ser considerado um problema menor, se comparado à luta contra a leucemia, aos quatro meses de idade. Ou ao acidente aos 10 anos, quando havia começado a treinar vôlei e caiu de uma árvore em cima de uma ponta de ferro de um portão, o que lhe rendeu 150 pontos no braço, e quase o abandono do esporte. "Achei que perderia o braço", admite. Aos 19 anos, ainda saiu ileso de outro grave acidente, desta vez de carro.
Testado a todo momento, dentro e fora de quadra, o atacante que queria ser veterinário tem conseguido superar todas as dificuldades que se apresentaram em sua vida. Sem perder o charme que cativa as fãs e a força que assusta os rivais.
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