A 22ª edição dos Jogos Olímpicos foi realizada entre os dias 19 de julho e 3 de agosto de 1980, em Moscou. A União Soviética bem que se esforçou e investiu US$ 9 bilhões para realizar uma edição histórica dos Jogos Olímpicos, que estava sendo planejada desde 1974. Mas um entrave diplomático quase tornou o evento um fracasso. Tudo começou com a invasão do Afeganistão por tropas soviéticas. Os Estados Unidos exigiam a saída da URSS do território ocupado, mas não foram atendidos o que levou o presidente Jimmy Carter a comandar um boicote internacional aos Jogos.
O pedido norte-americano de solidariedade internacional foi atendido e 61 países deixaram de participar do evento. Para tentar salvar a edição, os soviéticos tentaram de tudo, facilitando ao máximo a presença dos países que aceitaram furar o boicote norte-americano.
O Brasil foi um dos países que não aderiu ao boicote, apesar de estar em plena época da ditadura militar. A ausência de alguns atletas classificados permitiu que o país participasse de torneios para os quais não havia conquistado vaga, como o basquete.
Mas os jogos soviéticos foram marcados por polêmicas referentes a favorecimentos dos atletas locais. Uma destas controvérsias afetou o brasileiro João do Pulo no salto triplo. João teve nove de suas 11 tentativas invalidadas, voltou para casa com o bronze e com uma revolta que não iria ser aplacada pelo tempo. "Fui roubado. Saltei 18m16 e tiraram o recorde mundial de mim", lamentaria o brasileiro 16 anos depois da competição. Em Moscou, os juízes validaram apenas a distância de 17,22m, que garantiu ouro e prata a dois atletas locais.
Como era de se esperar, a União Soviética foi a grande campeã da edição com 195 medalhas conquistadas. O ginasta Aleksandr Dityantin tornou-se o primeiro homem a obter nota dez na modalidade e terminou sua participação olímpica com oito medalhas - três de ouro. Mas logicamente, a competição acabou com resultados e marcas bem menos significativos por causa do boicote.
Para a delegação brasileira na União Soviética, a edição foi histórica. Pela primeira vez desde que estreou nos Jogos em 1920, o país conquistaria duas medalhas de ouro, ambas no iatismo.
No final da festa, o ursinho Mischa, um dos símbolos mais carismáticos dos Jogos até hoje, chorou na despedida.
Embora o barulho feito pela torcida atrapalhasse a todos os participantes da prova do trampolim masculino, somente um atleta teve concedida a chance de poder repetir o salto. Devido a esta determinação dos fiscais da prova, o dono da casa, Aleksandr Portnov conseguiu a medalha de ouro, pois ultrapassou na contagem dos pontos o mexicano Carlos Girón e o italiano Franco Cagnotto. Obviamente os demais prejudicados reclamaram, mas nada foi feito, a não ser o adiamento da entrega das medalhas em dois dias.
Diferentemente de qualquer outra competição oficial, em Moscou, a distribuição dos atletas na prova dos 100m do atletismo não foi feita de maneira a dividir em séries os melhores competidores, o que evita uma luta antecipada entre os favoritos. Entretanto, em Moscou, quatro dos oito principais participantes apareceram na mesma série, enquanto o astro soviético, Aleksander Aksinin corria unânime em outra chave. Todo este esquema foi feito para proteger o atleta da casa, fazendo com que ele fizesse uma eliminatória ausente de pressão imposta por importantes nomes do esporte. No entanto, o soviético não obteve bons resultados na final, terminando em quarto lugar.
Quem foi acompanhar a cerimônia de premiação da prova de duplas do remo achou que estava vendo tudo dobrado. Isso porque as duas primeiras colocações ficaram com gêmeos idênticos. A medalha de ouro foi para os alemães Bernd e Jorg Landvoigt, enquanto a prata ficou com os irmãos russos Yuri e Nikolai Pimenov (Gazeta esportiva)
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