A demissão de Leão do cargo da selção, porém, impediu que isso fosse possível. Mais uma vez o nome de Luiz Felipe foi cotado para assumir o time nacional e, desta vez, não teve como recusar. Ele agora terá a difícil missão de garantir o Brasil na próxima Copa do Mundo e recuperar a auto-estima do futebol tetracampeão.
Luiz Felipe Scolari iniciou sua trajetória na seleção brasileira dando a braçadeira de capitão a Romário. Na época, o treinador não imaginava que o Baixinho se tornaria o maior fantasma de sua caminhada até a Copa do Mundo. Em uma partida contra o Uruguai, em Montevidéu, Felipão perdeu em sua estréia no comando do time canarinho.
Logo em seguida, o técnico teve pela frente uma conturbadíssima Copa América. Precisando de apoio dos jogadores mais experientes, ele foi frustrado em suas expectativas. Mauro Silva abandonou a delegação na sala de embarque, alegando não ter condições psicológicas de disputar a competição. O volante era um elemento importante no esquema do técnico gaúcho.
Na mesma época, Romário pediu licença para operar o olho, mas acabou fazendo uma viagem com o Vasco ao México e passando férias nas praias paradisíacas da América Central. "Coloquei ele de capitão. Na Copa América, eu precisava de uma referência e ele não foi. É uma questão de confiança", explicou Felipão, às vésperas da Copa do Mundo.
Aos trancos e barrancos, Felipão foi formando o seu grupo no final das eliminatórias. O jogo contra o Paraguai, em Porto Alegre, foi importantíssimo. Com amplo apoio do povo gaúcho, Felipão usou o tempo de preparação para entrosar o elenco: começava a ser formada o que passou a ser chamada de Família Scolari. Vampeta e Edílson ganharam muitos pontos com Felipão pelo jeito alegre e agregador. Este clima culminou com uma vitória sobre os paraguaios.
Altos e baixos marcaram o final da campanha de Felipão nas eliminatórias. Mais duas derrotas: uma para Argentina por 2 a 1, no Monumental de Nuñez, e outra para a Bolívia, em La Paz.

O último jogo foi decisivo. Felipão apostou em Luizão, que estava contundido, e o atacante correspondeu. Fez dois gols na vitória sobre a Venezuela e carimbou o passaporte da delegação brasileira para a Copa do Mundo. Promovido a herói nacional, o jogador teve toxoplasmose e algumas contusões às vésperas da convocação final. Mesmo assim, garantiu sua vaga na Copa e no coração da 'Família Scolari'.
Depois de classificada para o mundial, a seleção brasileira foi assombrada por Romário. Nos amistosos, nas ruas e até fora do Brasil, os fanáticos por futebol pediam a convocação do Baixinho. O atacante vascaíno deu entrevista e chorou em frente às câmeras pedindo perdão. Era tarde demais e Felipão já tinha seus homens de confiança para brigar pelo pentacampeonato. (Gazeta Esportiva)
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