Três títulos de Grand Slam, número um do mundo e vencedor da Corrida dos Campeões em 2000. Quem acreditaria um dia que o responsável pelas glórias citadas acima seria um brasileiro? Mas assim é Gustavo Kuerten, que venceu o descrédito de um país que praticamente ignora os esportes fora do futebol e colocou o tênis na agenda das modalidades mais valorizadas pelo torcedor nos anos 90 e início deste século 21.
Órfão de pai e criado com muito esmero pela mãe, o catarinense nascido em 10 de setembro de 1976 tornou-se conhecido para o brasileiro em 8 de junho de 1997, quando bateu o espanhol Sergi Bruguera em rápidos três sets na final de Roland Garros, sendo o primeiro atleta do país a vencer um torneio de Grand Slam desde a profissionalização do tênis em 1968.
Até então, o único nome brasileiro nesta lista seleta de vencedores era Maria Esther Bueno, a Estherzinha, que foi campeã por quatro vezes no Aberto dos EUA e mais três em Wimbledon, mas todos os títulos foram na época considerada amadora, nos anos 50 e 60. Depois do título em Paris, o tênis brasileiro ganhou um novo referencial. A partir de 1997, a modalidade passou a respeitar mais o manezinho da Ilha, que ainda foi campeão em dois torneios menores em 1998, ano em que enfrentou muitas provações.
A glória maior, entretanto, estaria por vir. Em 2000, Guga fechou o ciclo de conquista do chamado Grand Slam do saibro, ao vencer o Masters Series de Hamburgo. No ano anterior, o catarinense foi campeão dos Masters Series de Roma e Monte Carlo, que formam com o torneio alemão e Roland Garros o ciclo de grandes competições no saibro. Em junho, o manezinho foi novamente vencedor no solo parisiense e assumiu a liderança da Corrida dos Campeões, que levava em conta o desempenho da temporada.
Dois meses depois, ele calou de vez os (poucos) críticos que tinha, ao vencer o Torneio de Indianápolis, seu primeiro fora do saibro. A coroação viria em 3 de dezembro daquele ano, quando bateu, nada menos que, os norte-americanos Pete Sampras e Andre Agassi na semifinal e final do Masters de Lisboa. Guga tornou-se um dos únicos tenistas da história a vencer os dois para chegar ao título. O prêmio, além da taça, foi o número um do mundo no ranking de entradas e a vitória na Corrida dos Campeões daquela temporada.
O magricela brasileiro foi o primeiro e, por enquanto único, sul-americano a terminar um ano na liderança da lista de entradas. No ano seguinte, Guga manteve o ritmo no primeiro semestre, foi campeão em Acapulco, Buenos Aires, Monte Carlo e, finalmente, o histórico tri em Roland Garros. Para encerrar a brilhante trajetória no saibro, o catarinense foi vencedor em Stuttgart, terminando o ano com incríveis 33 triunfos em 35 jogos. (Gazeta Esportiva)
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