Vencia o que chegasse ao final do turno e returno com mais pontos. Na última rodada, o Fluminense estava à frente com um ponto a mais que o Botafogo seu adversário no domingo. A festa estava preparada nas Laranjeiras. Mas se esqueceram que Garrincha também estava convidado. O ponta humilhou os defensores Clóvis e Altair.
Fez um gol e deu outros tantos de graça para Paulo Valentim. No quinto gol, Telê pediu para Nílton Santos: "Vocês já são campeões. Fala para o Garrincha parar de desmoralizar o Clóvis e o Altair". Resultado: Botafogo 6 x 2 Fluminense.
Em 1961, com o ataque formado por Garrincha, Didi, Amoroso, Amarildo e Zagalo, o Botafogo passaria por 22 jogos invictos e seria campeão no único jogo que perdeu. Na antepenúltima rodada, o time foi derrotado pelo América por 2 a 1. Nos estádios, os botafoguenses colocavam faixas "Nunca foi tão fácil ser campeão".

Em 1962, as coisas não foram tão fáceis. Sete pontos atrás do líder Flamengo, o Botafogo tinha de conviver com os conflitos salariais, as faltas de Garrincha (que nessa época tinha iniciado o romance com Elza Soares) e os vários amistosos para conseguir dinheiro. Na última rodada, o Botafogo estava apenas a um ponto do Flamengo e o enfrentaria no sábado. Garrincha sumira do clube e deixara avisado que só jogaria se reajustassem seu salário. Convencido pelos amigos a entrar em campo, ele pediu para passar a noite antes do jogo com Elza. No outro dia, acabou com o Flamengo, fazendo dois gols.
Resultado da partida: Flamengo 0 x 3 Botafogo. Na segunda-feira, uma fotomontagem de "O Globo" trazia o Botafogo com onze Garrinchas.
Todos os torcedores brasileiros e os milhares de pagantes do Maracanã não sabiam, mas esse seria o último jogo de Garrincha pelo campeonato carioca com a camisa do Botafogo.
Se a conquista do bicampeonato mundial de 58 e 62 tivesse que ser resumido em um nome, esse certamente seria Garrincha. Nas apresentações que fez pela Europa com o Botafogo, ele virou um verdadeiro fenômeno do futebol mundial. Todos queriam assistir ao jogo daquele gênio que deixava todos os defensores no chão depois do drible e muitas vezes nem se importava em fazer o gol.
A certeza de que Garrincha era o melhor do mundo em sua posição era tanta que os jornalistas estrangeiros nem admitiam que Vicente Feola fosse deixá-lo no banco na Copa de 1958, na Suécia. Mas a seleção daquele ano era campeã em organização e, como tal, dispunha de um olheiro - Ernesto Santos - que assistia aos jogos de seus adversários e entregava todo o ouro para a comissão técnica (Feola, Hilton Gosling e Paulo Amaral) poder escalar o melhor time. Segundo as informações de Ernesto, a Áustria fechava o meio-de-campo com quatro homens e, por isso, seria suicídio entrar com três homens (Dino Sani, Didi e Zagalo) para fechar o avanço dos austríacos como pensara Feola. O técnico então pensou em instruir Garrincha, que ganhara a posição de titular durante aquela semana, a voltar para marcar pelo lado direito. Mas Paulo Amaral argumentou que o ponta não seguia ordens e, por isso, o esquema não daria certo. Só por causa disso, Garrincha perdeu a vaga para o flamenguista Joel. A tática deu certo: o Brasil venceu por 3 a 0. (Gazetaesportiva)
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