O primeiro jogo de Garrincha com a camisa do Bota aconteceu no dia 21 de junho em um amistoso contra o Avelar. O placar: 1 a 0, gol de Garrincha. Na volta da excursão, o preparador físico Paulo Amaral- responsável pela equipe mista - colocaria em seu relatório que o jogador tinha um único defeito: driblava demais!
Em um dos jogos, Garrincha driblou o time inteiro, mas deu a bola para um companheiro marcar o gol. Todos ficaram estupefatos. Por que ele mesmo não marcara? Ninguém sabia ainda que para o Anjo das Pernas Tortas a alegria estava apenas em driblar.
No exame médico ficou contatado que o jogador tinha o joelho direito virado para dentro e o esquerdo virado para fora, um deslocamento na bacia, a perna esquerda seis centímetros mais curta que a direita e era ligeiramente estrábico. Na segunda partida do Botafogo pelo Carioca de 1953, Gentil Cardoso o escalou para sua estréia. Aos 14 minutos do segundo tempo, o pequeno Bonsucesso vencia por 2 a 1 e o juiz marca um pênalti para o time de General Severiano. Temerosos, nenhum dos craques se propôs a cobrar.
Com a maior tranquilidade, Garrincha apanha a bola e põe na marca do pênalti. O capitão Geninho olha para Gentil. O técnico faz que sim. Ele toma distância, chuta forte e Ary tem a honra de ser o primeiro goleiro a tomar um gol de Garrincha em partida oficial. Mas esse não era o fim do jogo. Ao apito final do juiz, o placar marcava 6 a 3 para o Bota, com três gols do novo ponta-direita. No final da jogo, Garrincha foi carregado pela caravana de Pau Grande que havia descido para o Rio a fim de assistir ao primeiro jogo oficial do jogador. Essa só foi a primeira alegria proporcionada por Garrincha aos torcedores do Fogão.
Entretanto, nos anos de 53, 54 e 55 apesar do show que o ponta-esquerda dava em campo, o Botafogo não conseguia ser campeão estadual. O pior foi que em 1955, além de não ser campeão, o time não passou de um vexaminoso 7º lugar no Carioca. Os botafoguenses estavam ficando preocupados e precisavam fazer alguma coisa para conseguir finalmente sair da fila em 1965. A solução foi contratar o atacante Didi, trazidodo Fluminense por US$ 15 mil. Garrincha ganhava 16 mil cruzeiros mensais (US$ 160). Para conseguir esse valor, ele precisou fazer uma greve. Mas Didi pediu 70 mil cruzeiros (US$ 650) e o Botafogo aceitou. Resultado: teve de reajustar os salários de Nilton Santos para 30 mil e o de Garrincha para apenas 18 mil.
Em 1956, o título não veio. A taça foi para São Januário. Mas 1957 seria o ano do Botafogo. Com o novo treinador, o playboy João Saldanha, o time finalmente conquistaria o Carioca. Para a façanha, João trouxe para General Severiano Quarentinha, Paulo Valentim, Edsone Adalberto (ex-Santos) que se juntaram a Garrincha, Nilton Santos e Pampollini. Era um time imbatível. E olha que não era fácil ser campeão Carioca em 1957. O Flamengo tinha Joel, Moacir, Henrique, Dida e Zagalo. Fluminense: Telê, Léo, Valdo, Robson e Escurinho. Vasco: Sabará, Almir, Vavá, Rubens e Pinga. (Gazetaesportiva)
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