A maioria dos brasileiros só foi conhecer a curva Tamburello, do tradicional autódromo de Ímola, na Itália, no dia 1º de maio de 1994. Até então, ela era apenas um desvio perigoso do percurso. Mas, naquela tarde de domingo, a barra de direção da Williams do tricampeão mundial de F-1 Ayrton Senna se quebrou e o carro foi de encontro ao muro. Horas depois era anunciada a morte de Senna. O Brasil, que tinha começado a traçar sua história no automobilismo mundial 24 anos antes, com Émerson Fittipaldi, perdia seu piloto mais adorado.

A tragédia fez com que os torcedores brasileiros - excetuando-se os mais fanáticos - deixassem a F-1 de lado, sem ter um piloto competitivo em equipe idem para quem torcer.

A carreira do ídolo nacional começou no kart, em 1974, quando Senna foi campeão paulista da categoria júnior. Depois, conquistaria dois sul-americanos e dois brasileiros. No início da década de 80, transferiu-se para a Inglaterra para correr a F-1600, F-Ford 2000 e a F-3 Inglesa, sendo campeão em todas elas.

Sua estréia na F-1 foi em 1984, aos 24 anos, pilotando uma Toleman. A primeira vitória viria na temporada seguinte, no GP de Portugal. Senna corria pela Lotus, equipe em que permaneceu por três anos.

A mudança para a McLaren se deu em 1988, ano da conquista de seu primeiro campeonato mundial. Foi na equipe inglesa que o brasileiro se consagrou. Foi bi com o carro branco e vermelho em 1990 e tricampeão no ano seguinte. Ainda ganhou dois vice-campeonatos (1989 e 1993).

A temporada de 93 foi sua última pela McLaren. No GP Brasil daquele ano, venceu a corrida e o carro parou na reta oposta. Os torcedores furaram a segurança e invadiram a pista. Os fanáticos tiraram Senna do cockpit e o carregaram até o pódio.

"Nossa, o povo estava alucinado. Apanhei tanto ali. Levei muita pancada na cabeça, puxavam minhas luvas, foi uma loucura", lembraria o piloto anos depois. Em 91, seu carro vencedor já havia parado no mesmo ponto da pista. "Fiquei parado e pensei comigo mesmo: não é possível que eu esteja quebrado aqui novamente".

Os anos 80 coroaram a McLaren como melhor equipe. Das dez temporadas, o time inglês conquistou quatro títulos de construtores, o mesmo número conseguido pela Williams. No entanto, a escuderia dos carros brancos e vermelhos superou a adversário nas taças conquistadas por todos os seus pilotos.

O austríaco Niki Lauda venceu em 1984, o francês Alain Prost foi bicampeão nos dois anos seguintes, o brasileiro Ayrton Senna levantou a taça em 1988 e Prost voltou a ser o melhor da temporada em 1989.

Em 36 anos de história na Fórmula 1, a McLaren ganhou 130 corridas, cravou 110 pole positions, subiu 326 vezes ao pódio, acumulou 2.576 pontos e 37 pilotos de várias nacionalidades se revezaram nos cockpits de seus carros.

A primeira prova disputada pela McLaren foi em 1966. Foi seu fundador Bruce McLaren quem conduziu o carro à primeira vitória, em Spa-Francorchamps, dois anos depois. Bruce morreu em 1970, por causa de um acidente durante testes com as máquinas. Sua ausência, no entanto, não interrompeu o progresso da equipe. (Gazeta Esportiva)