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Memórias Olímpicas XXXI
2007-12-10 09:31:44    cri

Se alguma vez existiu algum atleta que pôde se orgulhar de derrotar toda uma ideologia e o preconceito dentro do estádio do adversário, esse alguém foi o norte-americano James Owens, ou Jesse, como ficou mais conhecido. Nos Jogos de 1936, em Berlim, ele acabou com a festa preparada por Adolph Hitler, que queria provar dentro de casa a tese da superioridade da raça ariana sobre as outras.

Neto de escravos e com a pele negra, Owens era a verdadeira antítese do que pregava o nazismo: a supremacia branca, de preferência alemã. Além disso, era um atleta verdadeiramente nato. Sem muito treinamento, aos 16 anos já tinha batido todos os recordes norte-americanos em sua categoria.

Mais tarde, já na faculdade, em um torneio de atletismo entre as dez maiores escolas da região dos Grandes Lagos, no norte dos EUA, Owens fez história. Em menos de 45 minutos, já havia derrubado cinco recordes mundiais e igualado outros. Era só um aperitivo para seu desempenho na Olimpíada de Berlim.

Entre os dias 3 e 9 de agosto de 1936, em pleno Estádio Olímpico da capital alemã, Owens calou a torcida nazista e se converteu em um dos maiores atletas olímpicos da história, com cinco medalhas de ouro.

A primeira veio na final dos 100m rasos. Jesse Owens terminou com o tempo de 10s3, igualando o recorde olímpico estabelecido quatro anos antes. Na final dos 200m rasos, dois dias depois, ele novamente venceu com recorde olímpico, cravando o tempo de 20s7. Para chegar em primeiro, Owens também teve de vencer a chuva e o vento de Berlim.

No dia 4, o norte-americano travou uma das disputas mais emocionantes dos Jogos, contra o alemão Luz Long. Ao chegar ao estádio, Owens deu um salto de reconhecimento, que os fiscais validaram, tirando uma de suas primeiras tentativas. Em seguida, nervoso, ele queimou seu segundo salto, mas se recuperou no terceiro e se classificou para a final. Em sua última tentativa, saltou 8,06m e conseguiu o ouro.

Mais tarde, conseguiu seu quarto ouro no revezamento 4x100m rasos. A equipe norte-americana cravou o recorde mundial, com 39s8.

O excelente comportamento de Owens conseguiu o respeito de todos, incluindo os espectadores alemães no estádio. Isso aborreceu Hitler, que até se recusou a presidir a cerimônia de premiação de Owens. O herói, no entanto, afirmou que foi a Berlim para ganhar a medalha de ouro, e não para apertar a mão de alguém.

As extraordinárias qualidades atléticas e morais de Owens fizeram dele um ídolo dos esportistas de todo o mundo. Em 1980, ano em que morreu, foi avaliado pela imprensa inglesa e americana como o melhor atleta do século XX. Em homenagem à sua contribuição, os Estados Unidos criaram o Prêmio Jesse Owens para enaltecer os melhores atletas.

 
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