A primeira guerra mundial destruiu tudo na Europa, incluindo os jogos olímpicos. A sexta edição das olimpíadas que deveria ser realizada em 1916 em Berlim, capital da Alemanha, foi cancelada. Muitas pessoas se preocupavam que esse evento esportivo desapareceria para sempre. Porém, Antuérpia, na Bélgica, salvou o movimento olímpico.

Em 1918, o Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu que a sétima edição dos Jogos Olímpicos seria realizada em 1920 em Antuérpia. Não foi fácil para a cidade belga devido ao estrago que a guerra havia feito em quase toda a sua infra-estrutura. Mas o povo e o governo belgas não cederam diante das dificuldades e, em apenas 18 meses, construíram um novo estádio com capacidade para 30 mil pessoas, além de piscina olímpica, campo de tiros e outras instalações exigidas pelo COI. Isso foi um milagre na história olímpica.

O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Antuérpia não convidou a Alemanha e seus aliados na primeira guerra mundial mas, ainda assim, a edição belga dos jogos olímpicos teve a participação de mais de 2500 atletas provenientes de 29 países.

A situação financeira era muito difícil para as olimpíadas de Antuérpia. O governo da Bélgica destinou apenas 150 mil francos, muito menor que o orçamento de 370 mil francos. Diante da situação, muitos países participantes como os EUA, França, Itália, Reino Unido e Suécia ofereceram apoios materiais para o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de 1920. A Holanda enviou ainda um grande barco para hospedar os atletas.

Muitos atletas chegaram a Antuérpia levando comida para poupar o gasto dos anfitriões. A delegação inglesa ainda levou uma orquestra que fez espetáculos durante as folgas para celebrar a restauração das olimpíadas após a guerra.

Na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Antuérpia, foi içada pela primeira vez a bandeira olímpica. Criada em 1913 pelo Barão Pierre de Coubertin e apresentada durante o Congresso Olímpico em 1914, na ocasião do vigésimo aniversário da fundação do COI, a bandeira tem cinco aros de diferentes cores entrelaçados sobre um fundo branco puro, simbolizando a união dos cinco continentes. Essa bandeira foi aposentada em 1984, depois dos Jogos Olímpicos de Los Angeles e é conservada pelo COI. Uma nova bandeira foi confeccionada para as Olimpíadas de Seul. A bandeira fica guardada na cidade anfitriã até os próximos jogos olímpicos.

Em Antuérpia, um esgrimista belga, Victor Boin, fez um juramento de fair-play na cerimônia inaugural. O juramento é mais um item introduzido nos Jogos Olímpicos de 1920 que se mantém até hoje, com a mesma forma e o mesmo texto.

"Em nome de todos competidores, juro participar destes Jogos Olímpicos, respeitando, aceitando e colocando em prática as normas, com verdadeiro espírito esportivo, para a glória do esporte e a honra de nossos times." Escrito pelo Barão de Coubertin, o juramento é feito sempre por um atleta do país anfitrião, segurando uma das pontas da Bandeira Olímpica.

Na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Antuérpia, foram soltos alguns pombos representando a paz. O costume foi conservado até 1988 nas olimpíadas de Seul, quando alguns dos pássaros foram queimados na plataforma da pira olímpica.