Um garotão despojado com camisas coloridas e pose de sex symbol. Convidado pela organização a pedido de seu técnico Nick Bollettieri, o norte-americano Andre Agassi parecia mais um turista pronto para aproveitar as praias da paradisíaca Ilha de Itaparica, na Bahia, do que um jogador de tênis em novembro de 1987. Com o seu jeito de garotão, Agassi foi eliminando os seus adversários (o brasileiro José Amin Daher, o peruano Jaime Yzaga, o norte-americano Brad Gilbert e o argentino Martin Jaite) até chegar à decisão contra o favorito da torcida: Luiz Mattar, apelidado de Mr. Brasil por ganhar apenas competições em terras brasileiras.
Após começar perdendo, o norte-americano virou a partida e conseguiu a vitória por 2 sets a 0, com parciais de 7/6 e 6/2. Era o início da carreira de um dos mais vitoriosos e talentos tenistas de todos os tempos. Quinze anos depois, Agassi é um dos cinco atletas a ter vencido os quatro torneios do Grand Slam na história e dono de 50 títulos na carreira. Até hoje, apenas oito jogadores conseguiram este feito desde o início da era profissional em 1968.
Depois de perder três finais de Grand Slam, o norte-americano levantou seu primeiro grande título na grama sagrada de Wimbledon, em 1991. Para alcançar a conquista, teve de superar o alemão Boris Becker, o norte-americano John McEnroe (os dois são tricampeões em Wimbledon) e o croata Goran Ivanisevic para obter a taça. Apesar de estar durante cinco anos entre os cinco primeiros do ranking, ele não conseguiu chegar à liderança do ranking mundial na primeira metade da década de 90.
O posto de melhor do mundo só viria em 10 de abril de 1995. Entretanto, a alegria do tenista durou apenas duas semanas e, após o ouro obtido na Olimpíada de Atlanta, Agassi sofreu uma queda inacreditável. Ele perdeu dez em 11 jogos, despencou para a 141ª colocação em novembro de 1997 e os especialistas já davam sua carreira como encerrada. Ao mesmo tempo em que lutava contra contusões, convivia com os dramas do câncer da irmã e do tumultuado divórcio com a atriz Brookie Shields.
Entretanto, o 'careca' voltou de forma inacreditável e conseguiu a virada em 1998. Agassi levou cinco títulos, saltou 122 posições no ranking de entradas e voltou ao grupo dos top 10. A partir daí, o norte-americano apenas confirmou o que se espera de um grande astro: ganhou o Aberto da França, completando o Grand Slam, o quinto da história a conseguir este feito em todos os tempos.
Depois disso, ainda levantou o título do Aberto dos EUA e foi vice em Wimbledon. Retornou à liderança em 5 de julho de 1999 e ao lugar que merecia: o topo do mundo e a consagração como um dos maiores ressurgimentos da história do tênis profissional.
No ano seguinte, o norte-americano mostrou que poderia ainda mais: venceu o Aberto da Austrália por duas vezes consecutivas, além da conquista de 2003. Em 2002 ainda ficou com o vice-campeonato do Aberto dos Estados Unidos, feito que viria a repetir em 2005.
Casado com outra grande tenista, Steffi Graf, com quem possui dois filhos (Jaden Gil e Jaz Elle), Agassi fez em junho de 2006 o anúncio de que se despediria do tênis no Aberto dos Estados Unidos.
Sofrendo com dores nas costas, já não conseguia mais atuar no mesmo nível de antes e admitiu que preferia parar ao sofrer com novas contusões. Além disso, não negou que estava ansioso para passar mais tempo em casa com a família.
O norte-americano ainda fez uma despedida honrosa em Wimbledon ao cair diante de Rafael Nadal na terceira rodada. Sua última apresentação na quadra central do All England Club provocou comoção nele próprio e no público, que o aplaudiu de pé por alguns minutos.
A cena se repetiu no Aberto dos Estados Unidos. Sentindo o peso da idade, Agassi venceu suas duas primeiras partidas após mais de três horas de duelo. Na terceira rodada, porém, não conseguiu superar o jovem alemão Benjamin Becker, que o venceu por 3 sets a 1, parciais de 7/5, 6/7 (4-7), 6/4 e 7/5. (Gazeta esportiva)
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