A longevidade de um atleta é variante, mas dificilmente alguém igualará a trajetória do nadador australiano Ian Thorpe. Aos 24 anos e sem competir em eventos de primeira linha desde os 22, o atleta se despede das piscinas precocemente com números de dar inveja a qualquer outro nadador: 11 títulos mundiais, cinco medalhas de ouro em Jogos Olímpicos e 13 recordes mundiais registrados em seu auge, entre os anos de 1999 e 2002.
Por outro ângulo, a idade escolhida para a aposentadoria não parece tão absurda se o início da vida competitiva do atleta for considerado. Com apenas 13 anos, ele já despontava como fenômeno em competições nacionais, completando provas muito na frente de seus concorrentes da mesma idade. Em 1996, ele chegou a participar da seletiva de seu país para os Jogos Olímpicos de Atlanta, mas a 23ª colocação nos 400m livre e a 36ª nos 200m costas não foram suficientes para lhe garantir vaga.
No ano seguinte, os resultados em competições profissionais começaram a aparecer. Logo em seu primeiro torneio internacional, o Pan-Pacífico, Thorpe tornou-se o mais jovem medalhista dos Jogos com a prata no 4x200m livre. Ainda em 1997, o australiano classificou-se para o Campeonato Mundial de Natação no ano seguinte, onde conquistaria a visibilidade que carregou até a aposentadoria. Foram duas medalhas de ouro, uma nos 400m livre e outra no 4x200m livre, e um recorde: o mais novo campeão mundial da modalidade, com 15 anos.
A consagração como novo fenômeno da natação era inevitável e veio em 1999, quando Thorpe estabeleceu os seus dois primeiros recordes mundiais em piscina olímpica nos 400m e 200m livre. Ele ainda conquistou quatro medalhas de ouro nos Jogos do Pan-Pacífico e ganhou o apelido de Torpedo. Nada mais apropriado para o nadador de pé tamanho 50 que ainda disputaria sua primeira Olimpíada.
Depois de selar a sua classificação com mais recordes na seletiva australiana, Thorpe preparou-se para fazer história nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000. E foi o que aconteceu. Com apenas 17 anos, conquistou três ouros e duas pratas, estabelecendo novo recorde nos 400m e ajudando seu país a registrar o melhor tempo de todos os tempos no 4x100m. Ele ainda venceu o 4x200m e garantiu a prata nos 200m livre e no 4x100m medley.
A pouca idade e o potencial a ser desenvolvido abriram a expectativa de até onde Thorpe poderia chegar. Em 2001, no Mundial de Fukuoka, a resposta foi dada: seis medalhas de ouro, marca inédita com quebras de recorde nos 200m, 400m e 800m e 4x200m livre. Era esperar a próxima Olimpíada para acompanhar mais feitos.
Durante o intervalo, no entanto, o Torpedo não poderia parar e obteve mais três medalhas de ouro no Mundial de Barcelona (2003), tornando-se o primeiro a vencer a mesma prova, a dos 400m livre, em três Mundiais diferentes. Um ano antes, nos Jogos Jogos Commonwealth, em Manchester, seis medalhas de ouro. Já no Pan-Pacifico de Yokohama, também em 2002, cinco conquistas.
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