Cirurgia no joelho - Ficou constatado que a patela do joelho direito de Ronaldinho havia se rompido. Uma contusão seríssima agravada pelo fato de tratar-se de um joelho recém-operado e, portanto, fragilizado. Médicos do mundo todo dividiram-se quanto à possibilidade de retorno do craque: alguns diziam que seu retorno era impossível, outros que teria 50% de chance de voltar a jogar, enquanto os mais otimistas apostavam que, após a cirurgia e o tratamento, seu desempenho seria idêntico ao de outros tempos. O responsável pela primeira operação, doutor Gerard Saillant, realizou outra cirurgia, muito mais complicada, e decretou: Ronaldo não retorna ao futebol em menos de um ano.
Ronaldo só voltou oficialmente aos campos no dia 20 de setembro de 2001, 17 meses e oito dias após a contusão sofrida na final da Copa da Itália, numa partida pela Copa da Uefa, contra o Brasov, da Romênia, na cidade de Trieste. Desde então, sua recuperação foi gradual, intercalada por constantes problemas musculares, normais em atletas que ficaram inativos por longos períodos. Felizmente seu joelho não voltou a ser motivo de problemas, conforme previra seu médico e o próprio jogador, mas ainda é cedo para conclusões.
A Copa de 2002 é uma prova do sucesso de seu tratamento, mas somente a continuidade de sua carreira poderá acabar com qualquer tipo de dúvida que ainda exista quanto ao retorno do Fenômeno.
Aposta de Scolari - O correto é que o dia 12 de julho de 1998 nunca será esquecido por Ronaldo. E coube em grande parte a ele próprio montar um outro cenário de lembranças do dia 30 de junho de 2002.
Ronaldo e a seleção brasileira iniciaram o ano de 2002 com uma característica comum: ambos não tinham a confiança da torcida, que a todo o momento pedia o nome de Romário na equipe, como forma de solucionar os problemas apresentados ao longo das Eliminatórias para a Copa do Mundo.
O técnico Felipão não se rendeu aos apelos da torcida e, na mesma proporção, deu todo o apoio moral necessário à recuperação de Ronaldo, que aos poucos vinha dando mostras de que estava voltando definitivamente ao futebol, sem nenhuma dor em seu joelho direito, operado em 1996. A seleção foi se transformando na Família Scolari ao passo em que Ronaldo ia evoluindo física e tecnicamente.
Na Copa, Felipão mostrou que estava certo: o Fenômeno foi o artilheiro do Mundial, um dos responsáveis pela campanha invicta do Brasil e disputa em igualdade de condições o título de melhor jogador do torneio com Rivaldo, algo inimaginável há cerca de um ano.
O intervalo de quatro anos entre as copas do mundo de 1998 e 2002 é formado por lembranças terríveis para Ronaldo, profissionalmente falando. Se em sua vida pessoal o jogador ganhava responsabilidades ao casar e tornar-se pai de Ronald, no futebol praticamente tudo deu errado.
A glória-Após a vitória por 2 a 0 na final da Copa, com dois gols seus, Ronaldo parecia não acreditar em tudo o que estava acontecendo ao seu redor. Humilde, o Fenômeno chegou a dizer que, mesmo se o Brasil não tivesse vencido o Mundial, já se sentiria um vitorioso: "Meu maior objetivo era voltar ao futebol, provar a mim mesmo que isso era possível. O que viesse a partir disso seria lucro", disse o jogador.
E que lucro! A partir do título mundial na Ásia, Ronaldo passou a reviver seus principais momentos de glória. Transferido para o Real Madrid, o Fenômeno comandou o time merengue na conquista do 29º título do Campeonato Espanhol da história do clube, na temporada 2002/2003, com uma campanha irrepreensível: foram 22 vitórias, 12 empates e apenas quatro derrotas, com 86 gols marcados, 42 sofridos e 78 pontos somados.
Um pouco antes disso, no mesmo ano de 2002 do penta, o atacante comprovou sua grande forma ao se destacar na decisão do Mundial Interclubes, em Tóquio, no Japão, marcando os gols da convincente vitória do Real Madrid, campeão europeu, sobre o Olimpia, do Paraguai, vencedor da Copa Libertadores da América. Não havia mais dúvidas: o Fenômeno estava mesmo de volta.
Na Copa da Alemanha, mesmo com o fracasso da seleção brasileira, Ronaldo consagrou-se o melhor artilheiro da história da Copa com 15 gols marcados. Futebol, o Fenômeno tem para isso. Garra, também. E que não duvidem dele: quando está sob pressão, Ronaldo desequilibra.
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