"A verdadeira meta da luta é, sem dúvida, a vitória em si, e ela, sobretudo se alcançada em Olímpia, era considerada como a mais sublime da terra, já que garantia ao vencedor aquilo que no fundo era a ambição de todo o grego: ser - segundo a expressão de Eliano - admirado em vida e celebrado na morte." - Jacob Burckhardt - Historia da Cultura Grega, vol. IV.
A Luta Livre era outra prova de gala dos jogos olímpicos da antiguidade. A façanha dos gregos pelo esporte os levou a torná-la obrigatória nas escolas. A competição foi introduzida na 18ª edição das olimpíadas, em 708 a.C, como uma das provas do Pentatlo que combinava cinco modalidades esportivas (corrida, salto, dardo, disco e luta). A Luta Livre, no entanto, também era uma modalidade independente.
A Luta Livre não era dividida por categorias de peso. Os adversários eram sorteados. As regras eram claras: o lutador perdia um ponto por queda e a luta, em caso de três quedas. Os lutadores vitoriosos, por outro lado, participavam de novos sorteios até a semifinal.
Os lutadores se enfrentavam nus e tinham os corpos recobertos por azeite, a fim de ganhar agilidade e de dificultar a ação do adversário. Os mais pesados, obviamente, levavam vantagem. Os nutricionistas gregos, contudo, já dominavam dietas alimentares destinadas a aumentar o peso dos atletas, assim como os obrigavam a comer rapidamente.
A Luta Livre também se tornou um grande mote para mitos. Myron, por exemplo, teria realizado sete campanhas invictas consecutivas, tornando-se um grande campeão olímpico. Reza a lenda que para aumentar sua força, Myron levantava diariamente um bezerro. O bezerro, porém, cresceu tanto quanto a força de Myron.
Durante a cerimônia de abertura dos jogos, ele teria corrido contra um boi. Depois de conquistar a prova, ele dominou e jogou ao chão o boi. Posteriormente, o colocou nos ombros, e deu mais uma volta no estádio.
Os mitos em torno de Myron, contudo, ultrapassaram o limite dos ringues olímpicos. Ele também teria enfrentado outros hercúleos adversários. Sozinho, sobre um ringue liso e recoberto por óleo, lutou para não ser arrastado para o chão. Diz a lenda que, ao longo do confronto, apesar das grandes vantagens, seus oponentes sequer o moveram de seu lugar.
Por isso, Myron é uma prodigiosa e misteriosa personagem. Ele não era apenas um excelente atleta, mas um erudito.
As circunstâncias da morte de Myron também são intrincadas. Ele teria saído para caçar sozinho. Ao tentar acossar um animal, acabou entalado entre duas árvores e não conseguiu se libertar. No dia seguinte, as pessoas descobriram o invencível lutador havia sido devorado por inúmeras feras.
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