Acabaram as brincadeiras dos rivais gremistas. O Internacional, enfim, virou internacional. Diante de um Beira-Rio totalmente lotado, o time gaúcho foi pressionado pelo São Paulo, campeão da Copa Libertadores e do Mundial no ano passado. No entanto, a despeito da falta de experiência, a equipe da casa conseguiu se segurar, empatou por 2 a 2 (Fernandão e Tinga anotaram os gols mandantes e Fabão e Lenílson determinaram a igualdade para a equipe tricolor) e afastou os seus fantasmas. Assim, conquistou o título pela primeira vez em sua história e transformou esta quarta-feira na data mais importante desde sua fundação, no dia 4 de abril de 1909.
O São Paulo começou pressionando e o Inter entrou com três zagueiros, recuado, abusando das faltas. O árbitro não se acanhou e mostrou logo dois cartões amarelos para os jogadores colorados (Jorge Wagner e Fernandão).
Lugano perdeu um gol incrível e Danilo colocou Clemer para trabalhar. Aos poucos o Inter se acalmou e procurou trabalhar com a bola nos pés. Rafael Sóbis e Fernandão tiveram uma chance cada e obrigaram Rogério Ceni a sair do gol.
Quando o jogo esquentava, a torcida colorada exagerou nos fogos de artifício e o árbitro foi obrigado a paralisar a partida por mais de cinco minutos por causa da fumaça que cobriu o gramado.
Após o recomeço da partida, a torcida do Internacional, que lotou o Beira-Rio, teve o que queria. Rogério Ceni falhou e soltou bola cruzada. Fabiano Eller foi esperto e desviou para Fernandão marcar, aos 29 minutos: 1 a 0.
Com a calma de quem venceu o primeiro jogo e saiu na frente no segundo, o Internacional melhorou ainda mais seu toque de bola e passou a dominar o jogo. O São Paulo foi tomado pelo nervosismo e passou a exagerar nos passes errados.
Apesar de precisar de dois gols para levar a decisão para a disputa por pênaltis, Muricy Ramalho não alterou a equipe no intervalo e sua calma deu resultado. Aos 5 minutos, Lugano desviou de cabeça dentro da área. A bola sobrou limpa para Fabão empatar o jogo: 1 a 1.
O gol recolocou o São Paulo no jogo e foi a vez do Internacional perder a tranqüilidade. Muricy sentiu que era a hora de ousar: Lenílson e Thiago entraram nas vagas de Danilo e Richarlyson.
Passado o susto inicial do empate, o Internacional se acalmou e voltou a equilibrar o jogo. O São Paulo, no entanto, continuava buscando mais o jogo.
O ímpeto do São Paulo não foi recompensado e Fabiano Eller apareceu pela direita para cruzar. Fernandão cabeceou, Ceni rebateu e o centroavante do Inter cruzou para trás na cabeça de Tinga.
Livre, o meia definiu a partida e comemorou bastante, levantando a camisa e cobrindo o próprio rosto. Seguindo as recentes orientações da Fifa, o árbitro Horacio Helizondo advertiu o jogador do Colorado. Como já tinha um cartão amarelo, Tinga foi expulso.
Novamente precisando de dois gols e agora com um homem a mais em campo, Muricy Ramalho sacou Edcarlos e escalou Alex Dias, seu quarto atacante. Abel Braga reforçou a defesa com Ediglê no lugar de Sobis.
A pressão foi grande, mas o Internacional se agüentou bem, marcando com atenção e deixando o São Paulo trocar passes longe da grande área. Uma falha incrível de Clemer, no entanto, deixou a partida ainda mais dramática.
Aos 39 minutos, Júnior chutou, o goleiro do Colorado largou e Lenílson só empurrou a bola para o fundo do gol, deixando a partida novamente empatada. Até o último segundo a tensão foi enorme em ambos os lados até que Horacio Elizondo apitasse e decretasse festa para a metade vermelha do Rio Grande do Sul.
INTERNACIONAL
Clemer; Índio, Fabiano Eller e Bolívar; Ceará, Edinho, Tinga, Alex (Michel) e Jorge Wagner; Fernandão e Rafael Sobis (Ediglê)
Técnico: Abel Braga
SÃO PAULO
Rogério Ceni; Fabão, Lugano e Edcarlos (Alex Dias); Souza, Mineiro, Richarlyson (Thiago), Danilo (Lenílson) e Júnior; Leandro e Aloísio
Técnico: Muricy Ramalho
|