No relatório de trabalho do governo apresentado na cerimônia de abertura da sessão anual da Assembleia Popular Nacional, no dia 5 de março, o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, declarou que a meta para o crescimento econômico da China deste ano é de 6,5%. O diretor-executivo do Centro Brasileiro sobre a China, Ronnie Lins, considera que o número é "factível e será bom para todos".
Ronnie Lins acha que o crescimento económico de 6.7% no ano passado situou-se dentro de esperado pelos analistas econômicos. "Primeiro, temos que considerar a mudança do contexto econômico mundial. A taxa de crescimento em torno de 10% ao ano era possível naquelas condições favoráveis do passado, muitos positivas para a China", disse. "No atual contexto económico, essa situação não existe mais. E segundo, quando falamos de um crescimento de 6,7%, em termos absolutos, estamos falando de um crescimento extremamente robusto. Do ponto de vista relativo, é ainda mais importante. Visto que o crescimento mundial foi de 2,2% segundo a ONU, e isso graças ao crescimento da China em 2016. Claro que quanto maior o crescimento, melhor para o mundo, mas acho que 6,5% de crescimento para a China em 2017 é um número factível e será bom para todos nós."
Na entrevista, Ronnie Lins mencionou seis aspectos de trabalho de maior relevância para o governo chinês implantar neste ano. "A primeira, ter uma política monetária cautelosa para manter o controle da inflação e dos preços das matérias-primas num patamar razoável. Isso porque vale ressaltar que a política fiscal chinesa em 2017 vai ser proativa. Significa que o governo chinês vai aumentar seus gastos para promover a modernização da estrutura de seu parque industrial", explicou. "Um segundo aspecto dos trabalhos é atuar sobre o setor imobiliário a fim de evitar que a especulação imobiliária possa afetar os fundamentos macroeconômicos. Por exemplo, as oscilações e o aumento de preço podem pressionar a inflação. Há de se ter monitoramento e controle. Um outro aspecto é atuar de forma a reduzir os custos operacionais das empresas. Isso através do corte de impostos e taxas para que as empresas possam ter maior capacidade de investimento e competitividade. Um outro aspecto importante é atuar de forma específica nos setores da economia chinesa que ainda não alcançaram o desenvolvimento desejado pelo governo. É o que nós chamamos dos elos fracos. É preciso impulsionar esse desenvolvimento. Por exemplo, a agricultura em alguns lugares na China. Outro aspecto fundamental é avançar nas conquistas realizadas pelo projeto de Um Cinturão e Uma Rota. Por que eles não só impulsionam uma fantástica integração estratégica-política, como economicamente geram comércio fronteiriço e grandes obras de infraestrutura. Essas ações têm um grande impacto sobre o crescimento da economia chinesa. Finalmente, acredito que uma palavra-chave de tudo para o crescimento da China em 2017 será a inovação de processos e produtos. Atualmente, no mundo, é chamado de "Industry 4.0", ou a quarta revolução industrial. Então, são esses os principais pontos que eu destaco nos trabalhos."