- Helmut Schmidt, ex-primeiro-ministro da Alemanha
A primeira vez que eu visitei a China foi o ano de 1975. Desde então, grandes mudanças têm ocorrido no país na área de políticas internas e externas. Nessas décadas, eu fiz muitas visitas ao país e fiquei admirado com a China e sua civilização de 5.000 anos. Hoje, fico mais admirado por esse livro de Xi Jinping.
Em maio de 2012, tive oportunidade de conhecer o senhor Xi em Beijing. Posteriormente, ele foi eleito secretário-geral do Comitê Central do Partido Comunista da China. Observando-o nos seus primeiros dois anos do mandato como presidente chinês, eu tive um conhecimento mais profundo sobre os políticos chineses de alto nível, cujas preocupações e visões mudaram de forma considerável nesses 40 anos. Os políticos chineses, no entanto, têm persistidos ainda na tradição da China nas políticas internas e externas.
Em comparação com outras civilizações antigas ou países antigos, como o Egito Antigo, a civilização da China preserva a sua essência de 5.000 anos e continua vibrante. A tradição chinesa que tem o pensamento de Confúcio como apresentação, ocupa uma posição dominante em pelo menos mil anos. Por esta razão, a China não tem uma religião unificada e dominante e as diversas religiões, como taoísmo, budismo, hinduísmo, cristianismo e islamismo convivem entre si de forma harmoniosa e se influenciam mutuamente. Apesar de haver lutas pelo poder entre os principescos, a religião nunca fazia parte delas. Mesmo quando os mongóis ou manchus ocuparam o interior da China, a contradição de religião não resultou em uma situação caótica. Pelo contrário, os mongóis e manchus respeitaram e seguiram a tradição da etnia Han.
No século XV, a civilização chinesa ainda ocupava uma posição de liderança no mundo, com técnicos avançados nas áreas da construção naval, impressão e tecnologia militar. Nesse período, a industrialização começou a surgir na Europa e depois na América do Norte. No século XIX, as potências europeias começaram sua ocupação na China. Apesar de não ocuparem toda a China, os países europeus, principalmente Reino Unido, França, Espanha e Portugal, estabeleceram no país as chamadas concessões. A Alemanha participou também da invasão à China. Ainda no referido século, a China sofreu reveses e ficou pobre e fraca por um largo período. A massiva invasão japonesa à China no século XX deixou a China em um abismo. Os revolucionários chineses como Sun Yat-sen, lutaram para que o país se tornasse livre dessa potência estrangeira. Em 1949, sob a liderança de Mao Zedong, o povo chinês alcançou finalmente a vitória e construiu uma nova China. Sem dúvida, Mao Zedong era o grande líder político naquela época e que a China de hoje foi estabelecida com a base que Mao construiu.
No entanto, Mao Zedong cometeu graves erros, especialmente o Grande Salto Adiante nas décadas de 50 e a "Grande Revolução Cultural" nas décadas de 60. Após o falecimento de Mao Zedong em 1976, Deng Xiaoping se tornou o líder supremo do país. A China, sob a sua liderança, promoveu a reforma e abertura e começou a se integrar na economia global. O povo chinês iniciou também o seu caminho para a prosperidade.
Com o rápido desenvolvimento de 35 anos após a reforma e abertura, a China já é a segunda maior economia mundial. Conforme o previsto, não demorará muitos anos para a China ficar no primeiro lugar do ranking mundial. Isso porque a China conseguiu manter se estável tanto na situação nacional quanto na liderança de alto nível do país. A nova geração da liderança que tem Xi Jinping como núcleo acredita nesse modelo de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, os líderes chineses enfrentam também as tarefas pesadas e complexas surgidas com o rápido desenvolvimento econômico, incluindo a duplicação até 2020 da renda per capita dos habitantes urbanos e rurais em relação à de 2010, continuar a aperfeiçoar e desenvolver o socialismo com características chinesas, promover o sistema de governança nacional e a capacidade de gestão, com o objetivo de consolidar a base sistemática para o desenvolvimento de longo prazo do país. Além disso, deve-se também promover o desenvolvimento comum da industrialização de novo modelo, informatização, urbanização e modernização agrícola, incentivar o investimento e o consumo e aplicar uma reforma no setor financeiro. Xi Jinping deu grande atenção para as questões de corrupção, poluição ambiental, ocupação ilegal de terreno, disputas trabalhistas e segurança alimentar.
Combater a poluição nas grandes cidades é também uma questão muito importante. As razões que causam a poluição com gás carbônico são complicadas. As medidas para combater a poluição precisam de grande investimento, que afetará o abastecimento energético, a receita dos habitantes e a elaboração das políticas do país. Ao enfrentar a tendência global para se combater as mudanças climáticas, a China não ficará de fora apenas olhando, mas fará parte desse combate.
O envelhecimento é uma questão cada vez mais grave enfrentada pela China. O envelhecimento, acompanhado pela rápida urbanização, reflete a urgência de aplicar a pensão no âmbito nacional. Ao mesmo tempo, a China precisa revisar sua política de filho único e sua política de registro de residência também precisa ser reajustada.
Quem visita a China vai descobrir que o país está realizando muito trabalho de forma simultânea. Hoje em dia, o direito dos trabalhadores migrantes é melhor protegido e surgiram mais empresas agrícolas com maior capacidade de lucrar. Se comparar a China da época de Mao Zedong, há 40 anos, e a China de hoje, podemos ver que os cidadãos chineses de hoje possuem mais espaço de desenvolvimento e liberdade e os diversos direitos dos chineses foram ampliados de uma forma sem precedente.
Sem dúvida, a China realiza uma convivência harmoniosa entre tradição e modernização. Ao longo de 2.500 anos, os chineses têm consagrado a ética de Confúcio. Em pelo menos mil anos até o século XXI, a China foi dominada pela burocracia feudal que tinha Confúcio como pensamento orientador. O Partido Comunista da China expulsou o pensamento de Confúcio logo depois tomar o poder em 1949. Mas hoje em dia, Confúcio, que tem uma relação estreita com os chineses, está voltando à vida cotidiana dos chineses. A explicação do presidente Xi Jinping sobre o pensamento de Confúcio mostra a confiança cada vez mais forte na cultura chinesa. Para um país tão grande como a China, a coesão da nação é crucial. Mas uma coesão que se baseia no nacionalismo causará provavelmente crise e até guerra, o que não é da sua intenção. A civilização chinesa com uma longa história e um conteúdo abundante pode aumentar a confiança e a consciência dos chineses. É muito difícil descobrir o pensamento imperialista na cultura chinesa que percorre mais 5.000 mil anos. A China aprecia a paz. O navegador chinês do século XV, Zheng He, é um bom exemplo. Ele realizou sete viagens oceânicas e adquiriu uma superioridade marítima naquele tempo. Apesar disso, ele não usava a força de forma excessiva.
Após a Segunda Guerra Mundial, os países da Europa Ocidental desistiram do imperialismo e do colonialismo e tomaram uma atitude relativamente razoável quanto à China. A Europa e a Ásia começaram seus contatos através de atividades comerciais. Hoje em dia, a União Europeia é o maior parceiro comercial da China, enquanto que a China é o segundo maior parceiro comercial da União Europeia. As relações entre a China e a Alemanha vivem seu auge na história.
No entanto, o lamento é que os líderes chineses sempre têm mais conhecimento sobre o Ocidente do que os líderes ocidentais sobre a China. O livro de Xi Jinping é uma boa tentativa para mudar essa situação. O livro mostra aos leitores estrangeiros qual a filosofia seguida pela liderança chinesa e que estratégia a China apresenta para o futuro. Com isso, o mundo pode conhecer e compreender de forma melhor o desenvolvimento da China, especialmente sua política interna e externa. O presidente Xi Jinping deseja concretizar o sonho chinês de grande revitalização da nação chinesa. A China precisa encontrar o seu caminho para voltar a ser uma potência mundial. Um livro como esse ajuda os leitores estrangeiros a observar a China de forma objetiva e com uma visão histórica e multiangular, para que possam ter um conhecimento melhor e mais completo sobre a China. Os países ocidentais sempre têm o impulso de agir como se fossem um professor ensinando a China e os líderes chineses. Desse impulso se origina a arrogância e isso não será aceitável. Os países ocidentais devem ser mais discretos e entrar numa concorrência justa.