Em 8 de fevereiro de 2001, quando uma construtora escavava uma área na aldeia Jinsha, nos subúrbios de Chengdu, foi encontrada uma grande quantidade de peças de bronze e jade. Desde então, a descoberta arqueológica é tida como a mais importante do século 21. Entre os séculos 12 a.C e 7 a.C, o lugar foi capital do antigo reino Shu, um centro da civilização na antiguidade chinesa localizado no curso superior do rio Yangtsé.
As ruínas do antigo reino Shu ocupam uma enorme área e se dividem divididas em ala de residência, tumba, palácio e culto. Pelo fato de a maior parte das relíquias culturais, e as de melhor qualidade, terem sido desaterradas na zona de culto, decidiu-se construir um museu sobre este exato local.
Vamos visitar primeiro o Pavilhão das Ruínas. Ao entrar numa construção tão gigantesca, os turistas sentem como se voltassem ao local da escavação arqueológica. A área foi dividida em muitas quadras, e em cada uma delas são exibidas fotos das relíquias culturais desaterradas ali. Os turistas, em fila, percorrem o local e apreciam a sequência de fotos. Quando passamos em frente à localidade de culto do antigo reino Shu, a guia Liu nos conta:
"Os cultos do povo em Shu começaram em 1.200 a.C e duraram quase 600 anos. Por isso, o acúmulo de relíquias aqui é gigantesco, e atinge 5 metros de profundidade. Por enquanto, os arqueólogos escavaram apenas a parte superficial. Ainda falta três metros de terra intacta a ser revolvida."
Já se descobriu nas ruínas de Jinsha 6000 peças de ouro, bronze, jade e pedra, além de centenas feitas em marfim. O número de marfins desaterrados aqui é maior se comparado a ruínas da mesma época. Segundo a guia, os marfins eram importantes objetos de culto naquela altura.
"Num passado longínquo, a região de Sichuan era constantemente atingida por enchentes. O povo Shu acreditava que os marfins tinham o poder de matar os monstros da água, por isso o usavam amplamente em suas atividades de culto. Os antepassados moldavam os marfins em diferentes formas e com diferentes objetivos, mostrando a complexidade da religião deles."
Depois de conhecer o local arqueológico, vamos visitar o Pavilhão de Exposição. Neste local de 600 metros quadrados estão exibidas as relíquias culturais mais preciosas das ruínas de Jinsha. Através de recursos tecnológicos avançados para a época, detalhes do antigo reino, como ambiente, construção, vida, produção e folclores, ainda preservam sua vivacidade.
Na primeira sala de exposição, um grande telão enche os olhos dos visitantes. Ele reproduz o que seria a vida dos habitantes do antigo reino Shu: cabanas escondidas nas árvores, homens carregando os animais que caçaram, mães com bebês no colo e idosos trançando vime.
O processo de confecção de jade na antiguidade pode ser conhecido na segunda sala de exibições. Mesmo há 3000 anos, a produção de jade no antigo reino Shu era de grandes dimensões e a divisão do trabalho, muito clara e ordenada. Num processo complexo e em cadeia, foram produzidas delicadas peças de jade.
No Museu das Ruínas de Jinsha há um tesouro valioso cuja visita é indispensável. A folha Ave do Sol, segundo a guia Liu, é feita em ouro com 94,2% de pureza, a maior entre todas as peças desaterradas em Jinsha. Ela é muito fina e delicada e representa o alto nível da técnica dos ourives da antiguidade.
"O diâmetro externo da folha é de 12,5 centímetros, e o diâmetro interno, 5,29 centímetros. A folha de ouro tem 20 gramas e 0,2 milímetro de espessura. Isso significa a grossura de três fios de cabelo. Mesmo para os artesãos de hoje, é dificílimo reproduzir formas tão delicadas. A folha tem quatro aves desenhadas na borda e 12 raios de sol no meio. A peça reflete a paixão dos antepassados chineses pelo sol."