A etnia Mongol, etnia nômade nas vastas pradarias do norte da China, nutre uma cultura singular de geração em geração. Dizem que os mongóis têm três tesouros que constituem o seu lar espiritual: pradarias, cavalos e urtiin duu.
O menino Batutulaga, de 10 anos, aprendeu a cantar com sua avó e é hoje um bom cantor do urtiin duu. Para ele, cantar é uma coisa fácil e agradável.
Provavelmente pela inspiração da pastagem ou pela hereditariedade da cultura antiga de seus ancestrais, os mongóis são cantores naturais e todos os que conhecem a grande pradaria ficam encantados com as canções folclóricas, especialmente com as canções de urtiin duu dos mongóis.
O urtiin duu, aliás o grande urtiin duu, conhecido como "alma da pradaria", é uma arte vocal típica da etnia mongol. Significa o "canto longo" na língua mongol, o que não apenas se refere a suas prolongadas melodias, como também a sua longa história. Man Dufu, pesquisador da Academia de Ciências Sociais da Mongólia Interior, considera que o surgimento e a evolução do urtiin duu relaciona-se estreitamente com as imensas pradarias e o modo de viver da etnia nômade. Ele disse:
"A cultura nômade é um dos resultados naturais da sociedade nômade, incluindo a música. O urtiin duu é uma expressão representativa da cultura nômade e caracteriza-se principalmente pela fusão entre os seres humanos e a Natureza e por suas melodias lindíssimas e cheias da liberdade".
As pradarias são consideradas o berço do urtiin duu, que seria a "pradaria musicalizada". Nos cantos longos tradicionais, os mongóis exaltam seu amor à terra natal, sua saudade dos entes queridos, suas memórias de seus ancestrais, bem como louvam a beleza da estepe e a grande Natureza.
As melodias longas, livres e cadentes bem elaboradas e cheias de gostos líricos tornam o urtiin duu uma das obras-primas da arte da etnia nômade. A famosa cantora mongol Mulan fica emocionada ao falar do canto longo:
"O urtiin duu é a alma de nós, mongóis. Se perdemos o urtiin duu, perderemos nossas características típicas".
A família de dona Hada vive na pradaria há muitas gerações. Ela, com 68 anos de idade, adora o urtiin duu com o mesmo fervor e cantou o urtiin duu por toda a sua vida. Seus filhos também são aficcionados dos cantos longos. No entanto, ela tem algumas preocupações: com o desenvolvimento da sociedade moderna, o modo de vida e o trabalho dos pastores vem mudando a cada dia, enquanto uma diversidade de novos modos de entretenimento chega à pradaria e os cantos longos tradicionais estão enfrentando uma crise da perda de seu ambiente natural.
Apesar das mudanças, o urtiin duu é objeto de preservação para o governo. Em 2005, o urtiin duu foi tombado pela Unesco como patrimônio oral e imaterial da Humanidade e cada vez mais chineses estão interessados pela arte, dando aula ou aprendendo por iniciativa própria os cantos longos mongóis. O diretor da Administração da Cultura e Esportes do Meng (Liga, divisão administrativa) de Xilingol da Mongólia Interior, Li Xun, disse:
"Anualmente, realizamos competições de urtiin duu em nível de Meng e em nível nacional para reunir os melhores cantores dos cantos longos mongóis do país e difundir a arte. Temos acelerado nossos trabalhos para organizar e pesquisar nosso patrimônio".
No Qi (Bandeira, divisão administrativa) de Ujimqin do Leste em Xilingol, uma das terras natais da arte, seus habitantes, desde crianças de oito anos até os idosos de 80 anos, são bons cantores de urtiin duu. Há pouco tempo, foi realizado ali um Grande Prêmio de Urtiin Duu. Os 100 cantores profissionais e amantes, procedentes de diversos lugares do país, como Xinjiang, Qinghai, Gansu, Liaoning, Beijing e diversas localidades da Mongólia Interior, classificaram-se para a etapa final. No intervalo da competição, dois cantores jovens disseram à nossa reportagem:
"Sou pastor. Adoro os cantos longos. São indispensáveis na minha vida. Com os cantos longos, expresso meus sentimentos".
"Sou da etnia mongol. Gosto muito do urtiin duu e de todas as canções folclóricas de nossa etnia".
Os dois cantores disseram ainda que, ao cantar o urtiin duu, parecem voltar à terra natal e andar a cavalo apreciando o céu azul e os blocos de nuvens brancos. Sempre, nesse momento, ficam emocionados.
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