Cerca de 500 acadêmicos, diplomatas e jornalistas brasileiros e estrangeiros reuniram-se entre os dias 17 e 18 no antigo Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, para debater o caso da China, inclusive sua política, economia, sociedade, imprensa e cultura.
O seminário, chamado de Conferência sobre a China, foi uma iniciativa promovida pela Fundação Alexandre de Gusmão e pelo Instituto de Pesquisa das Relações Internacionais (IPRI), dois órgãos subordinados ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil, tendo como o objetivo principal conhecer a China.
Carlos Henrique Cardim, diretor do IPRI, disse ao correspondente da CRI que o Brasil sente falta de conhecimentos sobre a China:
O objetivo maior é conhecer a China, não é tanto a relação Brasil-China. Logicamente, a relação Brasil-China é importante, mas mais importante é que, no Brasil, nós sentimos desconhecimento dos países que são priortários para nós e a China é um dos países prioritários para o Brasil. Há um grande teste de desconhecimento sobre história, economia e cultura chinesa. A idéia dessa conferência que nós realizamos é não somente gerar um livro, um áudio, mas também despertar a possibilidade de criar em uma universidade de alto nível brasileira um centro sobre a China, que hoje não temos.
Pela distância geográfica e pela diferença cultural, é inevitável uma falta de conhecimento. A Conferência sobre a China foi uma chance para o público brasileiro conhecer o gigante asiático. Na opinião do embaixador da China no Brasil, Chen Duqing, presente ao encontro, a maior parte dos participantes mostrou pelos debates que vê com bons olhos a China:
Acho que pelo debate você pode sentir que a maioria, ou seja, mais de 90%, vêem a China com bons olhos. Todos, desde o secretário-geral, Samuel Guimarões, até outros participantes, todo mundo acha que a China é um fator positivo no equilíbrio internacional, na reorganização da ordem econômica do mundo, e realmente é uma coisa positiva, é um contrapeso, é uma imagem positiva.
É normal que surjam algumas vozes negativas e preconceitos contra a China, pelos grandes progressos econômicos conquistados nas últimas três décadas. O país é considerado uma ameaça e um desafio ao resto do mundo. O Doutor Williams Conçalves, professor de Relações Internacionais da Universidade Estatual do Rio de Janeiro, discorda com esse ponto de vista e considera uma oportunidade:
É uma oportunidade e, para o Brasil, considero uma lição. Uma lição uma vez que China e Brasil têm características muito semelhantes, são dois países com dimensões continentais, são dois países que percorreram uma trajetória de desenvolvimento e aspiram a completarem seu desenvolvimento. Há muito que fazer, no Brasil há muitas escolas a serem construídas, há muitos hospitais a serem construídos, há muita população a ser alfabetizada, muitas estradas a serem construídas. Então, quando os brasileiros vêem que a China está fazendo tudo isso com muito vigor, muita energia, muita competência, isso é uma lição para nós, é um estímulo para que o Brasil persista no caminho do desenvolvimento para se tornar uma estrela tão brilhante quanto a China.
Jayme Martins, que participou da conferência e trabalhou por cerca de 20 anos no Serviço de Português da Rádio Internacional da China entre os anos 70 e 80, é uma das testemunhas do crescimento chinês registrado nas últimas três décadas. Para ele, surgiram três maiores mudanças depois da abertura do país:
Nós vimos que há três aspectos fundamentais na China de hoje. A passagem, o processo de reforma e abertura para o exterior, a passagem de uma economia planificada altamente centralizada para uma economia de mercado socialista com característica chinesa. O forte desse processo é educação, ciência, tecnologia e o capital. A China hoje é outro país.
Se Jayme representou uma voz sobre a mudança da China, Ana Paula Campos, apresentadora da Globonews, tem uma opinão que reflete a atualidade chinesa. Ana Paula visitou o País asiático em setembro do ano passado junto uma equipe da Globonews que fez uma viagem de 22 dias na China, cobrindo Beijing, Shanghai, Chengdu, Guangzhou e Hong Kong, e produziu a série de programas especiais, CHINA, ALÉM DA MURALHA. Foi o primeiro programa sobre a China produzido pela Rede Globo. Ana Paula afirmou que muitos mitos gerados pela falta de conhecimento não foram encontrado na China.
A nossa primeira grande impressão sobre a China foi que muitas coisas que se falava contra o país a gente não encontrou. Os mitos em que brasileiros acreditam, idéias preconcebidas sobre a China, mal-entendidos e idéias más. Talvez a distância geográfica entre os países ajude a afastá-los tanto culturalmente. A nossa sensação ao chegar à China é que o desenvolvimento é muito maior do que é tratado aqui no Brasil. Entre as pessoas com quem nós falamos, até os mais pobres, a vida de fato para todos melhorou, as condições têm melhorado. Os chineses estão satisfeitos com a vida que levam.
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