O islamismo chegou à China há mais de mil anos. Umas dez etnias chinesas, com cerca de 30 milhões de pessoas, professam a religião, por isso, há um grande número de lugares históricos vinculados ao islamismo preservados em toda a nação.

A rua Niujie, situada no Bairro de Xuanwu, no centro de Beijing, é a maior zona residencial muçulmana chinesa. Seu nome de origem era "Liujie (rua Liujie)". Segundo registros históricos, um grupo de muçulmanos habitantes em Xinjiang migrou para Beijing e introduziu o plantio de romãs. Em chinês, o equivalente à palavra "romã" é "shiliu". Esta, por sua vez, se assemelha a "shiniu". No decorrer do tempo, o nome da rua se transformou em "niujie".

Em Niujie, vivem mais de dez mil habitantes muçulmanos, todos apaixonados pela cor verde. Os restaurantes marcados pelo caráter "Qingzhen (islâmico)" e as casas residenciais com portas pintadas em verde são vistosos. Há pessoas com trajes tradicionais e chapéu branco, outra cena tipicamente muçulmana.

A construção mais famosa em Niujie é, sem dúvida, a Mesquita construída em 996. Trata-se da maior e mais antiga mesquita existente em Beijing e uma das mais conhecidas no mundo. Ela ocupa uma área de seis mil metros quadrados e seus pavilhões e salões principais se localizam num eixo em direção Leste-Oeste, mostrando uma perfeita combinação da arte arquitetônica chinesa e islâmica.

A mesquita é um orgulho dos muçulmanos que habitam, de geração em geração, a localidade. O catedrático da Universidade Central para Etnias, Ma Lixin, mora nas cercanias há cerca de 30 anos. Ele nos falou:

"A Mesquita é um acervo da cultura islâmica na China. Além de túmulos onde estão enterrados os imãs islâmicos que vinham ao País há muitos tempos, ela preserva, de uma forma intacta, uma edição do Alcorão com cerca de 300 anos e a tábua com inscrição do imperador Kangxi (1654-1722) da dinastia Qing, feita em 1694".

Como uma das maiores cidades históricas do País, Xi´an possui uma longa lista de paradas obrigatórias para seus visitantes, como por exemplo, a tumba de Qinshihuang e os guerreiros de terracota. Semelhante a Beijing, a cidade dispõe de uma zona muçulmana. Ela se chama "Beiyuanmen" e se destaca nas suas construções baseadas em madeiras. Não lhe faltam, obviamente, antigas residências de altos funcionários da antiguidade chinesa. É consenso que Beiyuanmen integra o grupo de zonas históricas mais preservadas de Xi´an.

Caminhando nas ruas lajeadas, encontramos balaústres de pedra bem esculpidos e lanternas vermelhas penduradas nas entradas de quase todas as lojas, onde são vendidas antiguidades, caligrafias, pinturas e artesanatos. Beiyuanmen se transformou num centro cultural da cidade. Wu Rui, nascido em Xi´an, guarda um carinho especial pelo lugar. Ele disse:

"Beiyuanmen é a principal zona residencial islâmica e atrai anualmente um grande número de turistas. Os restaurantes locais oferecem pratos típicos como pão cozido a vapor com recheio de sopa, carne de vaca ou carneiro assado, sopa de arroz com oito frutas secas etc. Merecem menção três restaurantes de grande fama. São eles Jiasan, Fangshangrenjia e Haijia".

O pão feito do restaurante Jiasan é considerado como o da melhor qualidade em virtude da sua massa fina, recheio e tempero perfumado. Seu recheio é feito a partir de carne e da medula óssea de vaca, de um elevado teor em cálcio.

O último destino da nossa viagem temática de hoje é cidade de Yinchuan, Capital da Região Autônoma da Etnia Hui de Ningxia, no Noroeste da China. Conhecida como "região muçulmana" pelo exterior, Ningxia conta com mais de três mil mesquitas, entre as quais se destaca a Mesquita Nanguan.

A grandeza de Nanguan se explica na sua dimensão e no número de construções anexas. Ela ocupa uma área de 13 mil metros quadrados e dispõe de 63 pavilhões e 41 salões. Desde os anos 90 do século passado, a mesquita tem sofrido uma série de ampliações e restaurações, tornando-se um simbólico conjunto arquitetônico da cidade.