A ópera de Beijng, qualificada como a "Ópera do Oriente", é única entre os 370 tipos de obras dramáticas da China. É chamada de Ópera de Beijing porque se formou em Beijng, há duzentos anos. Com os aperfeiçoamentos contínuos dos grandes mestres de várias gerações, o seu nível artístico de canto, diálogos, acrobacia e artes marciais é considerável. Em 1790, o primeiro grupo de artistas de uma ópera do sul da China entrou em Beijing. Esse grupo absorveu muitos estilos de outras óperas regionais.

Nos séculos 19 e 20, integrando outros estilos de óperas, os artistas têm formado a própria Ópera de Beijing com uma arte bem integrada de canto, dança, trajes e de movimentos acrobáticos.

Neste programa, apresentaremos Bao Wanrong, famoso colecionador de trajes da Ópera de Beijing, que estabeleceu, em 2002, em Shanghai, o Museu de Trajes da Ópera de Beijing de Bao Wanrong. Este museu foi tombado em 2004 na lista dos dez maiores museus folclóricos do País. Bao relata como teve a idéia de criar o Museu de Trajes da Ópera de Beijing:

"O meu museu atraiu incontáveis visitantes desde sua inauguração em 2002. Eles elogiaram o museu porque nunca tinham visto um museu deste tipo em outros países. Muitos trajes exibidos do museu são difíceis de encontrar no teatro".

A arte da ópera de Beijing herdou as características das óperas tradicionais chinesas e os papéis dividem-se em quatro tipos: sheng, dan, jing, e chou. Os papéis masculinos são conhecidos por sheng, divididos em laosheng ( o velho), xiaosheng (o jovem) e wusheng (os guerreiros). Os papéis femininos têm o nome de dan, subdivididos em qingyi(mulher serena e gentil), huadan (mulher que sabe artes marciais), laodan (mulher velha) e daomadan (mulher guerreira). Os jing, ou chamados "caras pintadas", são representados por homens maquilados.

Bao colecionou cerca de mil vestuários de cada papel da Ópera de Beijing. Entre os quais, só os vestuários dos papéis Dan totalizam centenas de peças.

Falando da coleção de Bao Wanrong, não podemos deixar de falar de sua fascinação pela Ópera de Beijing.

"Nasci de uma família de intelectuais da Cidade de Huzhou. Quando pequeno, meus pais me levavam para assistir a Ópera de Beijing. Desde então, sou fascinado pela Ópera de Beijing".

Antes dos anos de 70, as famílias da classe superior não permitiam que seus filhos aprendessem as óperas tradicionais. Por isso, Bao Wanrong, que persistia em aprender a ópera, brigou muitas vezes com seus pais.

"Como eu persistia em aprender a ópera, o meu pai quebrou o meu gravador quando viu que não tinha jeito de me impedir. Entretanto, a minha mãe me deu um grande apoio, fazendo alguns dos vestuários da ópera para mim".

Com sua persistência e apoio da mãe, Bao realizou seu sonho aos 15 aos.

Você está ouvindo Bao cantando, aos 80 anos, enquanto concede a entrevista ao nosso repórter.

Em 1949, Bao Wanrong realizou seu sonho de ser um famoso artista, formando um conjunto teatral de Ópera de Beijng. Como gerente, diretor e papel principal do conjunto, ele atua sempre com vestuários projetados e feitos por ele próprio, arrancando elogios de seus colegas. A partir da década de 60, a sua coleção vem se expandindo rapidamente, enquanto muitos artistas lhe doaram seus vestuários de apresentação.

Bao Wanrong também estuda os vestuários da Ópera de Beijing. Os vestuários da Ópera de Beijing consomem muito tempo de produção e dinheiro. Para fazer os trajes, Bao e sua senhora venderam todos os móveis, jóias, antiguidades, pinturas e caligrafias - os legados de seus antepassados.

Wu Shaohua, diretor da Associação de Coleção de Shanghai, amigo de Bao Wanrong há mais de 20 anos, comentou:

"Ele é persistente e sempre está atrás da perfeição. Muitos de seus trajes são autênticas obras de arte. Acho que a sua persistência é o segredo do sucesso de sua coleção".

Em concurso nacional de museus de coleção de 2004 , o Museu de Trajes da Ópera de Beijing de Bao Wanrong ficou em segundo lugar entre os dez maiores museus populares da China. Atualmente, o Museu de Bao Wanrong é conhecido tanto na China quanto no exterior. Mesmo assim, ele continua enriquecendo o seu museu com toda dedicação.