
Sábado passado, nossa reportagem assistiu a um espetáculo do teatro de sombras na praça cultural de Zhongguancun, noroeste de Beijing.
O espetáculo integra uma série de atividades culturais em praças promovida este ano pelo governo do distrito de Haidian em Beijing. O programa inclui peças tradicionais como "Lanterna de Flor de Lótus", "Wu Song Bate o Tigre", e modernas como as histórias de Mascotes Olímpicas, além de fábulas como "A Tartaruga e o Grou" e "O Coelho Adquire Habilidade".
Os artistas da Companhia de Teatro de Sombra "Dragão" de Beijing apresentaram-se a convite da Comissão dos Trabalhos Culturais e do Palácio Cultural do distrito de Haidian. O gerente geral da companhia Lin Zhonghua disse:
"Falta um ano para a abertura dos Jogos Olímpicos de Beijing e os artistas do teatro de sombra querem dar sua contribuição para a divulgação da olimpíada. Através de nossas apresentações, vamos divulgar os conceitos de olimpíada cultural e olimpíada ecológica e chamar a atenção do público para a preservação das artes tradicionais e da proteção ambiental."
O teatro de sombra, patrimônio cultural imaterial da China, é uma arte tradicional de mais de dois mil anos. Como formas de representação, ele integra o canto, a música, a narração e imagens de sombras de marionetes projetadas em uma tela branca e exige habilidade técnica para manipular os movimentos dos bonecos por meio de varas. As marionetes são confeccionadas geralmente com couro de burro e boi e passam por um processo de produção de 24 etapas, desde o corte até a pintura final. Um dito popular elogia os artistas do teatro de sombra dizendo "uma boca relata a história de mil anos e as duas mãos mobilizam grandes exércitos."
Esta antiga arte tradicional perdeu sua popularidade sob as influências do cinema e televisão. Muitas companhias de teatro de sombra se dissolveram e artistas talentosos morreram sem deixar aprendizes, colocando essa arte e suas histórias à beira da extinção.
Nos últimos anos, o governo chinês intensifica os esforços pela preservação e divulgação dos patrimônios culturais imateriais contando ainda com o apoio das iniciativas populares.
O subdiretor do Palácio Cultural do distrito de Haidian, Zhu Decang, disse:
"O governo central e o governo em todos os níveis se empenham na proteção dos patrimônios culturais imateriais na atualidade. Paralelamente ao rápido crescimento econômico e científico, os patrimônios artísticos e culturais devem ser preservados. Por isso, introduzimos o teatro de sombras no programa de atividades culturais de praça e convidamos os artistas a fazer representações para que o público conheça o tesouro legado por nossos ancestrais."
Na multidão, encontramos Lu Hai, sucessor da sexta geração da Companhia do Teatro de Sombras da Família dos Lus. Aposentado e com mais de 60 anos, continua se dedicando à preservação e divulgação da arte e tem viajado a vários países como Espanha, Itália, França, Alemanha e Japão para apresentar o patrimônio chinês. É agora o supervisor artístico da Companhia Dragão. Lu Hai disse:
"O teatro de sombras nasceu no meio do povo e existe há mais de 1800 anos, o que demonstra que o povo precisa dele, caso contrário, não poderia durar tantos anos. Sinto um grande consolo ao ver que muitos chineses voltam a apreciar essa arte e estão conscientes de sua beleza."
Segundo Lu, são freqüentes os convites para dar aulas sobre o teatro de sombras e ele está sempre disposto a trabalhar mais para a divulgação do patrimônio.
Quando conversávamos com o artista veterano, uma multidão se reuniu diante do palco montado ao ar livre, a um canto da praça, perto de uma movimentada rua comercial. Muitos transeuntes pararam para assistir ao espetáculo.
A guia turística Zhang estava encantada com o espetáculo. Disse:
"Adoro o espetáculo. A arte deve ter seus pontos fortes para circular entre o povo por tantos anos. Muitos jovens não a conhecem por um lapso da divulgação. Fiquei conhecendo o teatro de sombras por causa da minha profissão e gosto muito dessa arte."
Ao final do espetáculo, o gerente geral da companhia, Lin Zhonghua, apresentou seu projeto a nossa reportagem dizendo que a Companhia pretende levar o teatro de sombra a cem comunidades residenciais. Depois de se apresentar em 7 ou 8 comunidades, descobriu que a arte tem boa aceitação entre a população. Lin disse:
"O público é bem diversificado: os idosos adoram o teatro de sombras por seu sabor nostálgico; para os jovens, o teatro é uma novidade e para as crianças, ele se assemelha aos desenhos animados. Por isso, nossa arte é aplaudida pela população."
O teatro de sombras, como patrimônio cultural imaterial da China, está despertando cada vez maior interesse da sociedade. Com os esforços conjugados do governo, das iniciativas populares e de toda a sociedade, a antiga arte vai se renovar e continuar a ser transmitida de geração em geração.
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