No Oeste da província do Hunan, no Centro da China, há uma comarca autônoma da etnia Miao, uma das 55 minorias étnicas da China. As montanhas escondem uma antiga cidade - Fênix. Isolada do mundo durante milhares de anos, a antiga cidade tornou-se famosa em virtude do folhetim Cidade Fronteiriça, obra do escritor e historiador contemporâneo chinês Shen Congwen, natural daquela localidade.
Cercada por uma muralha de mais de 400 anos, Fênix concentra cerca de 300 mil habitantes, a maioria dos quais integrantes do grupo étnico Miao. A cidade adquiriu o nome devido à semelhança guardada entre uma de suas montanhas com a mitológica fênix. No portal norte da cidade vê-se as moças da etnia Miao com colares e ornamentos de prata apresentando canções tradicionais.
Fênix é repleta de becos, torres de sino, cais e antigos templos. Suas ruas são revestidas por lajes vermelhas escuras. Suas casas seculares possuem telhados pretos e paredes castanhas. A antiga residência de Shen, por exemplo, conserva este estilo arquitetônico. Ela possui mais de dez cômodos, onde estão expostos fotografias, pincéis, tintas, tinteiros e papéis que pertenceram ao historiador. Foi aqui que Shen passou sua infância. Pengli, um dos habitantes de Fênix, afirmou:
"Esta casa é muito típica. Foi legada pelo avô do Shen. Na antiguidade, as casas tradicionais na cidade eram compostas pelos quartos do Leste e do Oeste, um quarto principal, voltado ao sul, e uma sala de estar. As telhas são feitas de barros cozidos e as paredes, de madeira. Os alicerces são de tijolos em função da umidade".
Saindo da casa de Shen, nos deparamos com o rio Tuo e uma série de pavilhões Diaojiao à sua beira. O pavilhão Diaojiao é, sem dúvida, a construção mais típica da etnia Miao. Um após outro, eles se integram perfeitamente com as paisagens naturais. Além de turistas e moradores, há estudantes ao pé das árvores retratando a natureza.
Para ter uma boa vista sobre as paisagens, ficar no barco, acompanhado pelas canções alegres e rufares rítmicos, é a melhor opção.
A Ponte de Arco-íris é outro pólo turístico que atrai muita atenção dos turistas. A ponte foi erguida há mais de 600 anos em pedra arenosa roxa, matéria-prima empregada na região. Os musgos que a recobrem servem como um testemunho e um tributo à sua longevidade. Na ponte há vários pavilhões com cobertura. Em virtude disso, os transeuntes podem ficar tranqüilos mesmo durante os dias de chuva.
Após atravessar a ponte, adentramos a uma ruela destinada à venda de artesanatos locais. A lista é encabeçada por pulseiras e brincos de prata, panos estampados, doces e vários tipos de cogumelos selvagens. Li Dong, turista proveniente do Norte da China, estava escolhendo um presente para sua namorada. Ele não escondeu seu carinho por aquela pequena cidade:
"A arquitetura aqui é muito especial. É difícil encontrar nas grandes cidades uma vida tão serena como aqui. A harmonia entre as paisagens naturais e as diferentes culturas étnicas me impressiona muito".
Os turistas ainda têm oportunidade de apreciar a grandeza e beleza da Grande Muralha do Sul, fixada a oito quilômetros da cidade. Segundo a naturalista Hu Lanjun, a muralha foi erguida há 400 anos para impedir invasões inimigas, representando uma das maiores e mais antigas obras da sociedade chinesa.
"A Grande Muralha do Sul estende-se de Sul a Norte. Ela possui 190 quilômetros de comprimento e, no geral, possui três metros de altitude. O material empregado é muito resistente. Composta por quartéis, miradouros, atalaias e postos de almenaras, a Grande Muralha do Sul é muito semelhante à do Norte em termos de estrutura arquitetônica".
No passado, as pessoas a chamavam de " A Muralha da Etnia Miao". Além de dificultar os negócios entre o Sul e o Norte, impedia os intercâmbios entre os Han e os Miao. No entanto, ela se transformou hoje em dia numa fonte para os historiadores devotados à pesquisa das diferentes culturas étnicas na China.
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