Jieshou, cidade da província de Anhui, no centro da China, é famosa por sua técnica tradicional de produção de cerâmica policroma, transmitida de geração em geração desde a Antigüidade. Peças produzidas ali estão nos acervos do Museu de Belas Artes da China, do Museu Nacional da China e do Museu Victória & Albert no Reino Unido. Por que a cerâmica multicolor de Jieshou tem tanto prestígio? Hoje vamos decifrar esse enigma.
A produção de cerâmica policroma em Jieshou começou na Dinastia Tang, cerca de 1100 anos atrás. O processo de produção da cerâmica de Jieshou é bem tradicional. Antes da queima, as peças de argila são decoradas com belos desenhos e entalhes. Entre as produções multicoloridas de Jieshou, destaca-se a cerâmica de Dao Ma Ren (com figuras de sabre, cavalo e figuras humanas, inspiradas nas óperas chinesas).
Você está ouvindo os textos de uma ópera local, lidos pelo mestre Lu Shanyi, de 87 anos, criador do estilo "Dao Ma Ren". Tradicionalmente, os motivos da cerâmica de Jieshou são muito simples. Entretanto, as obras de Lu Shanyi retratam sabres, cavalos e pessoas nas cores vermelha, branca e verde. Com a queima, a argila se transforma em obras belas e delicadas.
"Os desenhos são feitos com cinzel, por isso as cores não esmaecem mesmo quando os objetos se quebram. As cores das cerâmicas do passado não duram muito tempo".
Os sabres, cavalos e figuras humanas na cerâmica são vívidos e com cores alegres. Dizem que, ao encher de água uma peça dessas, os desenhos parecem ganhar vida, produzindo um efeito impressionante. Ao que se sabe, obras do mestre Lu Shanyi integram coleções individuais e acervos de museus de mais de 10 países. Orgulhoso de seu trabalho, Lu Shanyi fala à nossa reportagem sobre as encomendas que recebe do exterior:
"Os estrangeiros gostam muito de meus trabalhos. Comerciantes da China e do exterior, até da Polônia, compram minhas obras".
Historicamente, a cerâmica policroma de Jieshou foi considerada um presente luxuoso, digno das altas classes de todo o país. No século 19, as 13 aldeias de Jieshou eram conhecidas como 13 ateliês de cerâmica, porque todas se dedicavam a essa arte. Até hoje, ainda podemos encontrar vestígios dos fornos daquele tempo.
Em Jieshou, um atrativo especial são as oficinas de cerâmica, onde os visitantes podem ter uma experiência prática. Os técnicos ensinam tudo, desde a escolha da argila e a preparação do material e até a queima no forno.
Inspirando-se nos motivos dos recortes de papel e pinturas de Ano Novo Lunar, os artesãos locais conseguiram produzir cerâmicas coloridas raramente vistas em outros lugares, arrancando elogios de artistas e turistas chineses e estrangeiros. A famosa escultora chinesa Yan Yumin disse a nossa reportagem:
"A cerâmica de Jieshou é mundialmente famosa, os produtos daqui vão para diversos países do Leste Europeu como Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria etc. Os povos daqueles países adoram nossos produtos, que são muito conhecidos por lá".
Em dezembro de 2005, a cerâmica policroma de Jieshou foi classificada como patrimônio cultural imaterial da China, ganhando amplo reconhecimento e divulgação. Zhang Qianwen, um continuador da arte de desenhos de sabres, cavalos e figuras humanas, revelou que pretende gravar na cerâmica a história do Romance dos Três Reinos, obra famosa da literatura nacional, combinando a técnica de Jieshou com a cultura tradicional chinesa:
"Os artesãos retrataram cenas de ópera na cerâmica para registrar através dessa arte as expressões da cultura tradicional e para que os estrangeiros conheçam melhor nossa cultura".
Orientações para os turistas:
Partindo de Hefei, capital provincial de Anhui, há linhas de ônibus diretas para a cidade de Jieshou. Além da cerâmica policroma, os recortes de papel de Jieshou são também muito famosos e apreciados no Japão, Cingapura, EUA e outros países. Os pratos locais, bem diferentes das outras regiões, também são imperdíveis.
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