Nie Yongsong, de 15 anos de idade, tem superado suas expectativas e as de sua comunidade ao ingressar em um centro de formação profissional. Nie pertence à primeira geração de órfãos quem perderam seus pais devido à Aids.
"Nunca pensei que tivesse a oportunidade de ir uma grande cidade para estudar", afirmou Nie, quem começou sua nova vida de estudante em Setembro passado, na Escola de Turismo de Zhengzhou, capital da província de Henan.
Os pais de Nie morreram há quatro anos em Nandawu, em Shangcai, distrito que tem sofrido uma alta incidência da Aids devido à contaminação pela doação de sangue na província de Henan até 1995.
Nandawu possui 2600 habitantes, 415 dos quais são portadores do HIV, e 45 já morreram. Nie é um dos 728 órfãos de Shangcai, mas não está infetado pela enfermidade.
Em setembro de 2003, após a morte de seus pais, Nie e sua irmã Nie Juan foram viver em uma casa de bem-estar, uma instituição caritativa criada pelo governo. No distrito Shangcai, há cinco casas deste tipo.
"Sem a ajuda e os cuidados da Casa, ainda seria um ignorante menino rural", disse Nie, quem concluiu no verão passado seus estudos na escola secundária.
A Casa de Bem-Estar proporciona agora ao jovem os meios econômicos para viver e a Escola de Turismo lhe isentou as anualidades escolares dos três anos, contou Nie, estudante da Faculdade da gestão de hotéis.
Igual que Nie, muitos órfãos por causa da Aids recebem formação gratuita.
Calcula-se que na China há 76 mil órfãos devido à Aids, segundo o Fundo da ONU para a Infância(Unicef). Em julho de 2006 se pôs em prática um programa de formação profissional para este tipo de adolescentes nas províncias de Henan, Sichuan e Yunnan.
Xu Wenqing, responsável do programa do Unicef no país asiático, afirmou que este organismo está cooperando com o Ministério de Assuntos Civis da China no programa.
Os cursos de formação, que preparam os participantes para trabalhar como mecânicos, cabeleireiros ou cozinheiros, duram dois meses e têm um custo de 3.000 yuans por cada estudante. Os cursos estão subsidiados pelos governos locais e pela Unicef.
Os cursos são destinados a órfãos por causa da Aids e aos adolescentes cujos pais sofrem a doença atualmente.
A China melhorará o sistema de assistência aos órfãos, destinará mais recursos a sua educação, sua saúde e emprego, afirmou Li Liguo, vice-ministro de Assuntos Civis.
Em Shangcai, o primeiro grupo de 11 órfãos maiores de 18 anos tem finalizado cursos de formação de três meses de duração para a cria de aves ou informática, disse Li Haizhou, diretor do Comitê do distrito do Partido Comunista da China.
As ajudas aos órfãos concluem quando estes cumprem os 18 anos. Mas o governo local assume os gastos dos órfãos que estão estudando, sem ter em conta sua idade.
Wu Guosheng, cujos pais morreram há cinco anos, quando ele tinha 13, tem encontrado um posto de trabalho como professor de inglês em uma escola primária, depois de estudar esse idioma no centro local.
Wu foi isento de pagar as anualidades e despesas escolares e recebeu ajudas para sua subsistência durante os três anos de seus estudos.
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