A ilha Sandao da Etnia Jing (Três Ilhas da Etnia Jing), é uma península habitada pelos Jings. Limita-se ao Vietnã. Eram três ilhas pequenas dando a origem a seu nome. Com as obras de aterro, as três ilhas foram ligadas em uma ilha só que posteriormente se une ao continente como península. Mas o seu nome Três Ilhas da Etnia Jing fica mantido. Nossa reportagem visitou Wanwei, uma pequena aldeia pesqueira no extremo sul da península.
Entrando na aldeia, vemos as fileiras bem ordenadas de prédios residenciais e novos carros à porta de muitas casas. Uma rede rodoviária dá acesso fácil a todos os lugares da aldeia. Os pescadores estavam ocupados transportando os produtos aquáticos para as fábricas manufatureiras. O chefe da aldeia Su Mingfang disse à nossa reportagem que, uns 20 e 30 anos atrás, a aldeia era pobre e os aldeãos viviam exclusivamente da pesca. As terras alcalinas da ilha não dão para a cultura cerealífera e os habitantes tinham que percorrer dezenas de quilómetros para trocar seus produtos aquáticos por grãos.
"Nos anos 70 do século passado, Wanwei era uma ilha isolada. O trânsito com o continente era difícil. Só nas horas de maré baixa, podíamos ir às feiras", disse Su.
Desde a reforma adotada pelo governo chinês há mais de 20 anos, os aldeãos, cientes cada dia mais de que não se enriqueceriam se se dependessem apenas da pesca, começaram buscando seus próprios caminhos. Alguns aldeãos começaram a dedicar-se à criação de produtos aquáticos nas praias e nas águas costeiras ou ao processamento dos produtos aquáticos, enquanto outros que sabem falar o Vietnamita, didicaram-se aos negócios fronteiriços.
Liang Shaode, 38 anos, é o primeiro Jing que se dedica à manufatura e comércio de produtos aquáticos. Dez anos atrás, era pescador e saia ao mar todos os dias, como muitos seus conterrâneos. Descobriu não poder trazer uma vida feliz a sua família e começou a tentar outros caminhos.
"Naquele tempo, costumava sair ao mar mais cedo e voltar mais tarde do que outros pescadores. Vendi os produtos aquáticos aos atravessadores, mas depois, vendi diretamente aos frigoríficos. Acumulei um fundo, vendi meu barco e comecei a fazer negócios de produtos aquáticos. Pouco a pouco, grandes frigoríficos em Shanghai e Beijing vêem fazendo-me encomendas".
Agora, Liang Shaode tem sua própria empresa comercial de produtos aquáticos e contrata uns 100 aldeãos locais como seus empregados. A rede de negócio se amplia pouco a pouco até se estende para as províncias de Fujian e Taiwan. Tem ainda duas fábricas manufatureiras de produtos aquáticos no Vietnã. No ano passado, a sua empresa faturou 1,7 milhão de yuans (cerca de US$220 mil). Segundo Liang, está planejando criar um frigorífico e ampliar seus negócios.
Agora, mais de mil famílias Jings da aldeia Wanwei trabalham no setor manufatureiro e criação de produtos aquáticos, o que transformou radicalmente a sua vida de pesca tradicional.
Um prédio de muro branco e telhado vermelho atraiu a atenção de nossa reportagem. Num tabuleiro colocado à porta tem dois caracteres Ha Ting, Pavilhão de Ha. Ha é uma espécie de canção dos Jings que se apresenta especialmente nos rituais tradicionais. Segundo o chefe da aldeia Su Mingfang, é o local onde os Jings prestam homenagem às divindades. Há mais de 500 anos, os ancestrais dos Jings deslocaram-se do Vietnã para a zona que veio a ser baptizada de Três Ilhas da Etnia Jing. Atualmente, os Jings totalizam mais de 20 mil pessoas em todo o país. Em Junho, os Jings costumam reunir-se em Ha Ting para a sua maior festa Festival de Ha e realizar os ritos em homenagem às divindades.
Hoje em dia, raros aldeãos de Wanwei sabem cantar Ha, o que preocupa muito o senhor Su Weifang. Su, 66 anos, se aposentou e voltou a sua terra - aldeia Wanwei. Descobriu que cada vez menos aldeãos sabem cantar Ha e escrever a escrita Jing. Começou a ordenar e divulgar a cultura tradicional dos Jings. Nos anos 60 do século passado, Su aprendeu de seu avô a escrever as letras Jing e usa-as habilmente.
"Comecei os trabalhos desde a recolha das escritas aos idosos Jings e organizei já dois cursos para divulgar a escrita Jing entre os jovens", disse Su.
Segundo o chefe da aldeia disse a nossa reportagem, o desenvolvimento econômico e a elevação do nível de vida dos aldeãos possibilitam aos Jings as condições para a proteção de sua cultura.
Um plano sobre a criação de um Museu da Etnia Jing já está na agenda de trabalho do governo local.
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