A vasta Região Autônoma da Mongólia Interior, norte da China, é recoberta por grandes pradarias e cordilheiras. A cordilheira Yin preserva uma preciosidade das minorias étnicas da antiguidade chinesa ? a arte pictórica nos penhascos que retrata a evolução das comunidades primitivas que viviam nas pradarias.
A cordilheira Yin se estende por centenas de quilômetros em direção leste-oeste na Mongólia Interior, abriga incontáveis sítios com arte pictórica. Alguns mostram caçadores, cavaleiros ou dançarinos; outros retratam animais silvestres em movimento ou os animais domésticos. Baisguleng, da etnia mongol, descreveu sua sensação ao ver o primitivo legado.
"Fiquei surpreso. Vi carneiros, veados, bois, cavalos, cachorros, lobos, tigres, porcos, leopardo etc. e plantas, o Sol, a Lua, e muitas imagens que retratam o trabalho, as crenças e os antigos totens".
Cerca de dez grupos étnicos como os Xianbei, Qidan, Dangxiang e Nvzhen viviam na região. O legado eternizou a memória de diferentes períodos históricos. A jornalista da Rádio da Mongólia Interior, Urnile, que viajou muitas vezes às essas zonas, disse:
"Os desenhos podem ser mais bem contemplados durante o nascer do Sol e o pôr do Sol, pois sob tênue luz, podem ser absolutamente distinguidos. De fato, eles emergem como um milagre. Noutros momentos, os desenhos tornam-se um pouco opacos".
Os desenhos foram descobertos há séculos pelo geólogo Li Daoyuan. O tesouro, contudo, mergulhou no esquecimento e só foi redescoberto nas décadas de 30 do século passado por um grupo de pesquisadores chineses e suecos, tornando-se mundialmente famoso. Nos anos 70 do século passado, arqueólogos da Mongólia Interior fizeram uma pesquisa global sobre os desenhos da cordilheira Yin e fizeram novas descobertas. Uma exposição realizada após a pesquisa exibiu milhares de cópias calcadas dos desenhos e provocou um grande impacto na comunidade acadêmica nacional e internacional.
O pesquisador do Centro de Estudos de Afrescos da China, Baolidao, avaliou:
"Os afrescos da cordilheira Yin representam uma especialidade dos afrescos descobertos na China. Têm sido descobertas mais de 53 mil peças de afresco e seus teores são muito abrangentes. O mais antigo afresco data a cerca de 10 mil anos atrás. Alguns desenhos se referem aos ritos religiosos como, por exemplo, o samanismo, a mais antiga crença da etnia mongol".
Durante suas infindáveis pesquisas, Baolidao acumulou um rico acervo. Nas peças calcadas, uma mostra o desenho de um Sol raiado com nariz e olhos. Baolidao disse:
"Especialistas consideram que este é uma pintura da Idade do Bronze. É o Deus do Sol e apareceu há cinco mil anos atrás no afresco aqui".
Na cordilheira Yin, o desenho do Deus do Sol aparece onde há afrescos e ocupa inalteradamente o penhasco voltado ao Leste. A divindade é rodeada por desenhos de cavalos, bois, carneiros, assim como outros animais. Trata-se do local onde os pastores nômades faziam suas preces para aumentar seus rebanhos e a sua própria segurança.
Para Baolidao, os afrescos representam um leque panorâmico sobre a realidade da sociedade na antiguidade, incluindo a caça, os costumes e hábitos das tribos nômades, cenários de batalha, ritos e danças. Ele acrescentou:
"Os afrescos representam uma das mais antigas documentações sobre a evolução da humanidade. Vou continuar os meus estudos e não pouparei os esforços para divulgar esta arte a todo o país e ao resto do mundo".
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