Longji (Costelas do Dragão), situada no sudeste do Distrito do Longsheng, na Região Autônoma da Etnia Zhuang de Guangxi, ganhou seu nome por ser uma área montanhosa marcada pela agricultura de terraço. Ela se assemelha às costelas de um dragão.
O ônibus corre rapidamente rumo a Longji e eu comecei a me aproximar do local. Longji, para mim, era somente o alvo de um documentário batizado com mesmo nome a que assisti muitos anos atrás - uma seqüência de montanhas cobertas de vastos terraços. Agora, experimento pessoalmente sua beleza e grandeza. Ao invés de se limitar a uma ou duas montanhas, os terraços estão espalhados de forma grandiosa por todas as montanhas. O ponto mais alto chega a 1.185 metros de altura, enquanto o mais baixo, apenas 300 metros. Vistos de longe, eles tornam as montanhas caracóis enormes. As névoas aumentam seu mistério, formando uma pintura tradicional chinesa.
No passado, Longji era uma zona inóspita. Até século XIV, um grupo de refugiados de guerras chegou ao local, estabelecendo passo a passo contatos com o exterior. O naturalista Pan Zhigang disse-me que os terraços começaram a surgir naquela altura.
"Durante a transição da dinastia Yuan à dinastia Ming, os antepassados das etnias Zhuang e Yao se mudaram a esta região montanhosa para se refugiarem de guerras. Para sobreviver, eles iniciaram a agricultura de terraceamento. Sem as modernas tecnologias ou avançados instrumentos, conseguiram um milagre".
Zhuang e Yao são duas minorias étnicas chinesas. Seus antepassados não tinham pensado que os terraços que fizeram para sobreviver se tornariam preciosas obras artísticas da humanidade.
Seguindo os caminhos de campos, subi junto com um grupo de turistas ao pico de uma montanha local. Perante as obras feitas há mais de 700 anos, fiquei com uma sensação impossível de expressar. Xie Daihua, turista malaio, disse que estava atônito com tanta beleza.
"Estou pasmo com tanta beleza natural. Sinto-me em harmonia com a natureza, o que me torna muito feliz".
Ao anoitecer, decidi procurar um lugar para passar noite. Um guia local me levou à Aldeia Ping´an, composta por mais de cem famílias da etnia Zhuang. Suas casas são de madeira e ocupam as encostas das montanhas. A população local lhe deu um nome especial: "Diaojiaolou", ou seja, Pavilhão Pendurado.
A presença cada vez maior de turistas em Longji levou as famílias a investirem na formação de pousadas. Hospedei-me em uma delas - "Yueliangwan (Baía da Lua)". A dona da pousada preparou o prato mais famoso da etnia Zhuang: Arroz no Tubo de Bambu. Sua filha me explicou:
"Para preparar o prato, misture cogumelos picados com arroz glutinoso. Ponha-os dentro do tubo de bambu e feche-o com pedaços de batata-doce. Asse até o tubo secar. Este tipo de arroz é muito perfumado, pois assimila o sabor de bambu."
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