As paisagens naturais e arquitetônicas mudam cidade após cidade na China. O panorama de Shanghai, o centro econômico e financeiro do país, contrasta visivelmente com Lijiang, patrimônio cultural nacional. A culinária e os dialetos de Guangdong diferem completamente de Beijing.
A província de Guangdong também é o paraíso das compras. Um potencial fartamente explorado por empresas de turismo de Guangzhou, Shenzhen e Zhuhai. Guangdong parece ter escapado da realidade, sendo um exemplo do que se espera da China em 20 anos: riqueza e abundância.
Cidade das Cinco Cabras
Guangzhou também é conhecida como a cidade das cinco cabras. O fato é lembrado pelo monumento que está postado sobre a colina de Yuexiu. Versa a lenda que os cinco bodes, cada qual com uma espiga de trigo na boca, desceram do céu. Esta espécie de profecia parece confirmada pela abundância de alimentos na cidade.
Guangzhou possui tudo o que atraí os novos ricos chineses: hotéis de luxo, campos de golfe, parques aquáticos e muito mais. Agora entendo a razão das noções de ócio que se vinculam à acumulação de riqueza com características chinesas. Um desses exemplos é o restaurante Tigre Branco, parte do complexo Chym Long. Ele serve excelentes pratos, mas também impressiona pela possibilidade de avistar famílias inteiras de tigres circulando pela área a partir de suas mesas.
Outro lugar digno de se admirar é o Safari Chym Long. Os visitantes podem embracar num ônibus conversível para observar os animais. São pandas, leões e tigres; também antílopes e girafas. Não há barreiras entre os visitantes e os leões e leopardos, com exceção de uma estreita fossa.
Maravilhas em miniatura da China e o mundo de Shenzhen
Com apenas 25 anos de história, Shenzhen é uma das cidades mais jovens da China e um modelo para a política de reforma e abertura econômica. A abundância da riqueza material da cidade cuja renda per capita ultrapassa a casa de 450 dólares contrasta com a realidade do resto da China. Shenzhen foi a primeira zona econômica especial do país e hoje acolhe 20.000 multinacionais de 65 países. Sua maior investidora, contudo, é a Região Administrativa Especial de Hong Kong. Entre o mar de arranha-céus de Shenzhen, se destaca o imponente Shenzhen Empire, construído em 1994. Com 389 metros de altura, é o terceiro edifício mais alto da Ásia. Os criticos chamam Shenzhen de deserto cultural, pois tudo se reduz às compras. Pode carecer de monumentos históricos, mas há muitas opções de diversão para aqueles que as buscam.
Shenzhen tem quatro grandes parques temáticos: China Esplêndida - uma exposição das vistas e monumentos mais famosos do país, em miniatura; Abertura ao Mundo - uma mostra semelhante, mas dedicada a maravilhas paisagísticas do mundo; As Aldeias de Folclore ? habitat modelo de 55 minorias étnicas da China, com suas culturas e tradições; e o Reino Feliz ? o equivalente chinês da Disneylândia, com uma gigantesca montanha russa.
Romântica Zhuhai
Já Zhuhai, na costa sul da China e às margens do rio da Pérola, é romântica. Esta jovem cidade-jardim atrai 11 milhões de turistas por ano e atua como entrada para Macau. É também uma zona econômica especial na qual operam 2.000 joint-ventures. Ela é dotada de um clima subtropical, mas suas praias abundantes não atraem os nadadores, em virtude de sua areia amarela pardo. As 100 ilhotas nas margens da cidade, no entanto, possuem uma areia branca, palmeiras e águas claras, confirmando a tese de que Zhuhai é a cidade ideal para se apaixonar.
A avenida principal de Zhuhai, a dos Namorados, possui 13 km de extensão. Ela provém de uma lenda, a qual conta que a filha do rei dragão se sentia tão atraída pela beleza de Zhuhai que desceu do céu para viver ali, fazendo-se passar por filha de um pescador. No transcorrer do tempo, a moça se apaixonou por um jovem chamado Hai Peng e os dois se decidiram se casar. Entretanto, certos aldeãos suspeitaram que ela não era uma mulher comum. Em resposta, Hai Peng ordenou que sua noiva jogasse fora a pulseira que sempre usava. Ao fazê-lo, a moça morreu imediatamente, pois a pulseira era seu talismã protetor. Hai Peng ficou desolado. Um imortal chamado Jiuzhou se sentiu tão comovido pelo sofrimento do noivo que prometeu criar uma loção capaz de ressuscitar a moça. Um de seus ingredientes era uma erva que precisava de sangue fresco para crescer. Hai Peng, sem hesitar, alimentou a erva com seu próprio sangue. Quando a poção ficou pronta, ele deu a sua amada, que recobrou a vida imediatamente. A moça se casou com ele e viveu feliz para sempre. Há pelo menos três versões desta história, mas esta é a única com final feliz. Por isso, Zhuhai não é bom lugar para acomodar tragédias. Hoje, uma estátua que representa a personagem foi erguida na zona de Xianglu, tornando-se o símbolo da cidade.
Zhuhai dispõe assim mesmo de uma gama de balneários, que rodeiam as águas termais e naturais da zona. Neste local há pequenas piscinas de água mineral quente, as quais recebem novas ervas a cada três horas. Suas qualidades terapêuticas beneficiam a circulação sanguínea, aliviam as dores musculares e facilitam a digestão. O balneário mais conhecido é o imperial, pois por ali passaram imperadores e suas concubinas. Ele também oferece várias tipos de massagens, inclusive para todo o corpo.
A viagem pelo delta do rio das Pérolas termina com a travessia marítima ao redor de Macau. Uma boa oportunidade para o passatempo preferido dos chineses: o karaokê, fim apropriado para uma viagem estimulante.
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