Os turistas não só manifestam grande interesse pela Grande Muralha, pelo exército de terracota, pelas paisagens de Guilin, mas mantém uma grande curiosidade sobre o povo chinês. Como é a vida dos chineses sob o sistema socialista? Quais são seus valores, seus hábitos de vida e seus costumes folclóricos? Eles querem conhecer tudo isso com seus próprios olhos.
Ao visitar o Palácio Imperial de Beijing, um grupo de fotógrafos norte-americanos usou apenas 30% de seus filmes para fotografar esse grandioso conjunto arquitetônico, os outros 70% foram usados com os turistas chineses. Tomando o Palácio Imperial de Beijing como fundo, os fotógrafos norte-americanos captaram, através de suas lentes, a postura, o comportamento e inclusive parte da maneira de ser dos chineses, tanto homens e mulheres como velhos e jovens.
Ao passear de barco pelas Três Gargantas do Rio Yangtze, os turistas estrangeiros não mostram grande interesse pelos bailes ou por outros divertimentos, mas sim, em conversar com os interpretes, os guias e tripulantes chineses. Eles se interessam sobretudo por temas como a estrutura familiar, o relacionamento entre casais, o relacionamento entre a nova e a velha geração, a renda e os gastos das famílias, o lazer, e querem inclusive, conhecer como é o namoro entre os chineses e qual é a percentagem de separação e divórcio.
As impressões que ficam na mente dos turistas estrangeiros depende de cada região. Mesmo com menos recursos naturais e menos recantos históricos, Shanghai é muito procurada pelos turistas, pois os seus habitantes são mais abertos e amáveis em seu comportamento em comparação com outras regiões. Eles gostam de conversar em inglês com os turistas e sempre estão dispostos a dar informações para qualquer visitante.
Para satisfazer o interesse dos turistas estrangeiros, o setor turístico da China tem se esforçado em desenvolver uma programação destinada ao conhecimento da vida cotidiana e do folclore do povo chinês.
Wuxi, cidade do sul da província de Jiangsu, oferece um programa chamado "passeio de barco no Canal Antigo". É natural ficar emocionado ao passear de barco num canal com uma história de mais de mil anos, porém, a maior emoção é apreciar tudo o que passa nas suas duas margens. Ao longo do canal, no trecho da cidade de Wuxi, os turistas podem observar muito bem a vida da população que mora nas casas situadas nas duas margens: os homens idosos tratando cuidadosamente de bomsais ou de passarinhos em gaiolas; as mulheres idosas colhendo verduras ou lavando roupas; as crianças, ou brincando ou fazendo o trabalho escolar. De vez em quando, eles param o trabalho e acenam para os turistas. Esse gesto de amizade é uma cena emocionante a qual os turistas não ficam indiferentes.
Beijing oferece o programa turístico "passeio pelas Hutongs". As Hutongs são ruas de Beijing onde as pessoas conservam o modo de viver típico e tradicional da China. Os turistas percorrem as compridas e estreitas hutongs de triciclo. No inverno, eles podem ver as pessoas tomando sol e as crianças pulando cordas; no verão, escutar os cantos das cigarras nas árvores e os gritos dos vendedores de melancias. Os turistas podem inclusive visitar algumas famílias que moram em casas quadrangulares, construções típicas de Beijing, quando provavelmente serão convidados para um chá ou para comer ravioli, conhecendo assim a hospitalidade tradicional dos seus habitantes.
Em Shanghai, há um programa turístico chamado "ser um habitante de Shanghai por um dia", através do qual, os turistas moram por um dia numa casa bem antiga ou nova de Shanghai e participam da vida cotidiana de uma família, desde levar o filho do casal para a creche de manhã, ir fazer compras e pechinchar no mercado, aprender a cozinhar comida chinesa à tarde, e assistir televisão, à noite, saboreando sementes de girassol, um costume típico dos chineses. Para muitos turistas, essa experiência é algo inesquecível.
Como é um país muito vasto, existem grandes diferenças regionais tanto em relação a vida como os costumes do povo chinês. As agências de turismo procuram oferecer programas que atendem aos interesses dos turistas e incluem visitas às fábricas, zonas rurais, orfanatos, asilos de idosos e feiras, visando que conheçam bem a vida do povo chinês.
Se os turistas visitarem a China por ocasião de uma festa tradicional, terão sempre uma surpresa. A festa mais famosa e tradicional é a Festa da Primavera, quer dizer o Ano Novo Chinês, que transcorre em geral no final de janeiro ou no início de fevereiro. Nesta época, os chineses procuram o quanto possível a reunião familiar, como no Natal dos ocidentais. O prato principal da ceia da noite do Ano Novo, no norte da China, é o ravioli, mas um banquete é realizado no sul da China. Nessa noite, todos assistem o programa especial de Ano Novo da TV Central. Há o costume também de queima de fogos de artifício para saudar o ano novo, e as visitas e telefonemas de felicitações entre parentes e amigos fazem parte da celebração. Já as crianças vestem roupas novas e recebem dos pais e avós, de presente, um envelope vermelho com uma pequena quantia de dinheiro, simbolizando boa sorte.
Por ocasião dessa festa tradicional, realizam-se em toda a China, diversas atividades folclóricas, tais como as danças do leão e as danças com pernas de pau. Em Beijing, são organizadas diversas feiras com espetáculos folclóricos e comidas e petiscos de varias regiões da China.
Dia 15 de Janeiro, segundo o calendário lunar chinês, transcorre a festa da lua cheia, também conhecida como a festa do bolinho com recheio de doce, que simboliza a união de toda a família e votos de sucesso para todos os familiares. Em certas cidades, são realizadas feiras de lanternas. Além da exposição de todo o tipo de lanternas chinesas, ainda há dança de lanternas em forma de dragão em que participam dezenas de pessoas. Porém, a feira de lanternas de Quanzhou, da província de Jujian e a de Zigong, da província de Sichuan, são mais famosas da China.
Em junho, transcorre a festa Duanwu, que cai no dia 5 de Maio do calendário lunar chinês. E faz parte da tradição em quase toda a China, a pamonha, feita de arroz gelatinoso. Porém, o mais emocionante do dia é assistir a competição de barcos de dragão. Os barcos, com vinte ou trinta remadores, lançam-se à corrida com o estimulo da torcida de espectadores apostados nos dois lados do rio e no ritmo dos tambores. Há informação de que muitos turistas vêm especialmente para participar e assistir a competição de barcos de dragão. Foi por isso que em muitos lugares, a festa Duanwu passou a ser chamada de festa de barcos de dragão.
Em setembro, transcorre a "festa de outono," no dia 15 de Agosto do calendário chinês. O dia é de lua cheia. Tradicionalmente, os chineses comem um bolo feito para esse dia e apreciam a lua cheia. O programa "apreciando a lua cheia" está sendo muito difundido pelas agências de turismo. Por exemplo, o passeio de barco pelo Lago Oeste, de Hangzhou e pelo Lago Tai, em Wuxi, com a lua cheia, o luar refletindo no lago, bolos e iguarias nas mesas e o acompanhamento de músicas lindas, é sem dúvida maravilhoso. Além disso, ainda há espetáculos folclóricos em quiósques espalhados no lago.
Durante o ano, há ainda outros feriados, dia primeiro de janeiro que é o Ano Novo em todo o mundo; dia 8 de Março, dia das mulheres; dia primeiro de Maio, dia internacional dos trabalhadores; dia primeiro de Junho, dia internacional das crianças; dia 10 de Setembro, dia dos professores; dia primeiro de Outubro, festa nacional da China e dia 9 de Setembro do calendário lunar chinês, dia dos idosos.
Sendo um país multi-étnico, a China conta com 55 minorias nacionais, além da nacionalidade Han, que habitam as províncias do nordeste, noroeste e sudoeste. Os costumes e os hábitos são muito diferentes. Apesar das limitações, os turistas querem conhecer essas outras culturas, estilos de vida e costumes locais.
Os turistas ficam bastante impressionados quando visitam as aldeias da nacionalidade Daí, na província de Yunnan, sudoeste da China. A casa dos dais é uma linda construção de dois andares feita de bambu, bem distribuída, que fica situada entre frondosas palmeiras.
Os homens dais têm o hábito de se tatuar e usar camisa branca bem ajustada e um lenço branco na cabeça. Porém, as mulheres dais gostam de usar colete curto, saia cumprida bem colorida e um penteado alto enfeitado de flores. Elas têm um corpo bonito bem delineado e mostram todo seu charme quando se divertem no rio lavando e penteando seus cabelos compridos e sedosos. A religião dos dais é o budismo Hinayana, que prescreve que os homens têm de viver religiosamente por certo período separados da família, pois, a família é considerada o local onde nascem os "sofrimentos". Por isso, dos 7 aos 8 anos, os meninos são internados nos templos e só saem aos 20 anos, ingressando assim na sociedade com direito a se casar. Os turistas podem encontrar facilmente por onde andarem, mesquitas, templos e monges.
Os dais gostam de cantar e dançar. Por isso, os visitantes podem assistir suas apresentações e ao mesmo tempo, provar comidas típicas do local. Não se pode deixar de comprar lembranças do artesanato local, tais como barcos, bordados e artigos de bambu.
Entre os dias 13 e 15 de Abril de todos os anos, o festival da água abençoada ?Ano Novo do calendário Daí-- constitui uma outra atração para os turistas, em Xishuangbanna. Para os dais, a água é o Deus da vida e símbolo de pureza, beleza e lucidez. Ao iniciar o ano, é costume que as pessoas joguem água uma nas outras para serem abençoadas. Por isso, durante o dia, com bacias ou baldes na mão, elas se divertem jogando água nos outros. Aquele que ficar bastante molhado, esse será o mais abençoado. São realizados também festivais como competição de barcos de dragão e espetáculos artísticos.
A nacionalidade Miao vive na província de Guizhou, vizinha de Yunnan. A moradia comum deles é uma construção, suspensa na encosta dos montes, de dois pisos, sendo que o de cima são os quartos e salas e o de baixo, está destinado para a criação de aves e gados.
Os homens miaos têm o hábito de usar lenço branco na cabeça, camisa branca sem colarinho e calças com bocas bem largas. As mulheres miaos gostam de fazer penteado alto enfeitado com lenço colorido e vestir saias franzidas de cor azul e verde. Além disso, usar jóias de prata é um costume tradicional delas. Às vezes, o peso total dessas jóias chega a um quilo.
Quando encontram algum grupo de turistas, os miaos têm grande prazer de recebê-los na entrada da aldeia: os homens tocam Lusheng, um tipo de instrumento de sopro, enquanto as mulheres muito bem vestidas, cantam, dançam e oferecem aos hóspedes vinhos num chifre feito para tal fim. Antes e durante o caminho até entrar na aldeia, aos hóspedes são oferecidos vários tipos de vinho. Além de provar as comidas e iguarias locais, os hóspedes recebem uma pintadinha no rosto, que significa uma benção do anfitrião e depois entram na roda da dança coletiva com os miaos.
Em certas épocas, são realizados touradas especialmente para os turistas. Diferentemente da tourada na Espanha, a dos miaos é uma luta entre dois touros robustos que se batem até sangrarem, numa cena impressionante. As mulheres miaos são fantásticas para fazer batik com desenhos lindos e estilos próprios da nacionalidade. Ver como elas trabalham, constitui um programa interessante para os turistas, que aproveitam para levar algum tipo de lembraça.
A vida dos mongóis que habitam a vasta pradaria do norte da China é outra atração. Na imensa e verde serra, encontram-se muitos rebanhos de gados, ovelhas e cavalos, além de iurtas--tendas de forma cilíndrica cobertas de tapetes de lã-- moradia típica dos mongois-- espalhadas por toda a região.
Os mongóis usam cabaias de mangas compridas, sendo que as cores azul e marrom são as preferidas dos homens e a vermelha, verde e lilás para mulheres. O uso de cinto e bota também é um costume. Os homens gostam ainda de usar chapéu de couro, enquanto as mulheres, um lenço de seda colorida. Mas na ocasião das festas ou visitas, as mulheres gostam de usar jóias de pérolas, ágata, ouro, prata e pedras preciosas.
Ao visitar a Mongólia Interior, os turistas podem se hospedar no hotel-tenda modernamente equipado, tomar chá com leite e comer um churrasco próprio da região. O anfitrião oferece vinho e brinda os hóspedes entoando canções.
Os turistas podem assistir aos espetáculos artísticos, as lutas mongóis, escutar músicas e participar da corrida de cavalo. Se gostar, o turista pode andar de camelo, praticar arco e flecha e passear em uma carroça de boi.
A nacionalidade Uigur, na Região Autônoma do Xinjiang, tem também suas características particulares de vida. Kashgar, pequena cidade fronteiriça, é a mais frequentada pelos turistas em razão de seus costumes folclóricos.
O vestuário dos uigures é o mais bonito de todas as nacionalidades. Os homens usam coletes grandes e compridos fora da camisa, com cintos e objetos na cintura enquanto as mulheres usam vestidos lindos com coletes. Os pequenos coloridos e as botas são peças que não podem faltar no vestuário dos uigures. As mulheres gostam de se maquiar, usar lenço na cabeça, enquanto as jovens gostam de usar trancinhas compridas.
Segundo as condições do clima local, a casa dos uigures é feita de barro com janela no teto e o telhado plano serve para secagem de produtos agrícolas e para tomar uma brisa nas noites de verão. Eles gostam de cultivar um jardim cheio de plantas, usar tapetes de parede e de armários bem pintados. Muito hospitaleiros, os uigures costumam assar ovelhas inteiras para oferecer aos hóspedes junto com outras comidas locais.
A feira de domingo de Kashgar, uma espécie de bazar, é a mais tradicional da região. No domingo, de manhã cedo, os aldeões vindo de todos os cantos se reúnem na feira, onde praticam o escambo. Gorros e facas típicas do local são as lembranças prediletas dos turistas.
A mais mística nacionalidade chinesa é a Mosuo, cuja vida ainda mantém influências da sociedade matriarcal. Eles vivem ao longo do lago Lugu, região entre as províncias de Sichuan e Yunnan, recentemente aberta aos turistas.
Os mosuos conservam ainda um hábito de matrimônio muito particular, chamado Azhu. Os homens e as mulheres podem namorar livremente, seja por pouco ou muito tempo. Quando se tornam namorados, a mulher e o homem continuam morando na casa dos seus pais, mas o homem passa à noite na casa da namorada e sai de lá na madrugada. Os filhos pertencem obrigatoriamente à mãe, que se responsabiliza também pela educação deles. Em todas as famílias, a mulher é que tem o mando tanto da administração da casa como da produção e distribuição da riqueza. Os homens que moram com os pais também são submetidos à chefia da mãe ou da avó. Para os historiadores, a região é uma prova viva do tipo de casamento da sociedade primitiva.
A moradia dos mosuos é uma construção de madeira de dois andares, de forma quadrada, que tem um quarto central que serve de sala principal e onde são veneradas as imagens da religião lamaísta. Os quartos laterais são dotados de fogão e cama e são destinados para os jovens, já o espaço térreo serve para criar o gado.
Em março, abril e julho, são realizadas cerimônias rituais para as montanhas e para os mares, ocasião em que, todos os aldeões caminhando em volta do lago, declamam sutras. Após as cerimônias, fazem piquenique e os jovens, ao anoitecer, aproveitam para namorar.
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