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De 1961 a 2011
  2011-09-19 15:51:29  cri

Em 1961, 12 anos após a fundação da República Popular da China, foi criada a licenciatura em língua portuguesa pela Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing, a principal escola superior de idiomas estrangeiros do país. Ao longo dos últimos 50 anos, os mais de 400 profissionais formados em língua portuguesa passaram a atuar, por exemplo, nas áreas diplomática, comercial, cultural e educacional. No ano em que a Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing comemora 50 anos do curso superior de português, diversas gerações de alunos se reuniram para fazer uma retrospectiva sobre a vida no campus e compartilhar sua estreita ligação estreita com a língua de Camões.

O encontro promovido pela Bei Wai, como é chamada em mandarim a universidade, foi realizado em 27 de agosto de 2011 e contou com a participação de líderes da universidade, diplomatas das embaixadas dos países de língua portuguesa na China, professores, alunos e graduados. Na ocasião, o reitor da Bei Wai, Chen Yulu, falou da circunstância em que foi criado o curso de português.

"O curso de português constitui uma base fundamental da formação de recursos humanos qualificados para a diplomacia chinesa e é parte importante da estratégia da Bei Wai de servir o país. Na década de 1960, o mundo testemunhou diversos movimentos de independência nacional, e nessa época vários países de língua português tornaram-se independentes. A China precisava urgentemente de um grupo de diplomatas conhecedores da língua portuguesa. Assim, em 1961, foi criado o curso de português da Bei Wai."

A primeira turma de licenciatura em português da Bei Wai era composta por 16 alunos vindos de escolas secundárias, todos ensinados por Liu Xiuhuan, de Macau. Dois ex-especialistas brasileiros da Rádio Internacional da China iam à universidade várias vezes por semana para auxiliar a professora Liu.

Yang Naiqian, integrante da primeira turma, recordou, em discurso feito na cerimônia, as duras condições de aprendizagem naquele período.

"Recordando o passado, as condições de estudo àquela altura eram inimagináveis para hoje. Quando iniciámos o curso, não tínhamos material didático. Todo o conteúdo que estudávamos era elaborado pela professora Liu Xiuhua, desde o ABC. Tínhamos apenas um gravador e ele ficava guardado na biblioteca da faculdade. Só podíamos ouvir as gravações em português uma ou duas vezes por semana. Mas a maior dificuldade naquela época era a falta de professores qualificados. Na verdade, a professora Liu era apenas uma falante de português vinda de Macau, sua profissão não era a de professora. Mesmo assim, foi ela que nos acompanhou durante os cinco anos universitários, até a nossa graduação."

Zhao Hongling, há 30 anos professora da Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing, testemunhou a luta dos primeiros alunos para se formar. Vencida essa etapa, muitos deles assumiram importantes missões na aproximação entre a China e os países de língua portuguesa.

"Foi um início bastante difícil, mas os alunos conseguiram superar todas as dificuldades e, finalmente, aprenderam o português. Quando o país precisou deles, alguns foram trabalhar no Ministério dos Negócios Estrangeiros da China e ali deram início à carreira diplomática. Hoje, todos já estão aposentados, mas nunca nos esqueceremos do trabalho desempenhado por eles ao longo desses anos. Eles percorreram os países lusófonos e deram contribuições no sentido de desenvolver as relações da China com os países de língua portuguesa."

A Revolução Cultural, que durou de 1966 e 1976, provocou a suspensão do curso de português da Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing, que só foi retomado em 1973. Desde então, o curso evolui de forma contínua.

Para explorar modelos internacionalizados de formação de recursos humanos em língua portuguesa, a universidade estabeleceu parcerias com a Fundação Macau, Universidade de Macau, Instituto Politécnico de Macau, Instituto Camões, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e com Universidade de Coimbra. Após meio século de evolução, o departamento de português hoje dispõe de um corpo docente competente tanto no ensino como em pesquisa científica, e de um modelo sistematizado de formação de talentos em português. O curso tem hoje cerca de 100 estudantes matriculados.

A professora Zhao apresentou que, nos atuais moldes, o curso de português incluiu as disciplinas conversação, compreensão oral, redação, interpretação e tradução. A grade curricular é definida conforme a necessidade do mercado e competências que os alunos devem dominar durante os quatro anos do curso. Para ela, a maior característica do método desenvolvido pela Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing é o investimento no conhecimento básico.

"Para mim, a característica mais típica dessa universidade é que ela sempre deu atenção ao conhecimento básico dos alunos. Nós queremos que os alunos tenham uma base muito sólida de conhecimentos de língua portuguesa, assim, quando eles ingressarem no mercado de trabalho, terão uma base sólida para desenvolver sozinhos seus conhecimentos em outras áreas. Neste sentido, acho que essa universidade está à frente das outras."

Manuel Pinho, natural do Porto, em Portugal, chegou na China em 1991. Ele, que entre 1997 e 2003 integrou o corpo docente da Universidade de Estudos Estrangeiros, falou com orgulho de seus alunos chineses.

"Quanto aos alunos da Beiwai, não há dúvida de que são os melhores alunos, são absolutamente fantásticos! Não só do ponto de vista da competência linguística em língua portuguesa, mas como amigos sinceros durante as minhas aulas. Não eram bem aulas, eram festas. Tenho muita saudade daqueles tempos. Centenas desses alunos estão espalhadas por Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique, Brasil, Portugal, em empresas e embaixadas da China nos países lusófonos, em instituições internacionais na China. Ou seja, estão por todo lado. Me sinto muito orgulhoso porque, entre as minhas centenas de alunos chineses, há um grupo bastante significativo de professores. Tive o privilégio de formar a nova geração de professores chineses de português."

Nos últimos anos, com o desenvolvimento da economia e das relações externas da China, o Departamento de Português da Bei Wai encontrou mais oportunidades de evolução e alcançou grandes êxitos. Pode-se dizer que, hoje, no mundo lusófono, em qualquer lugar onde exista uma bandeira da China, certamente há um ex-aluno de português da Universidade de Estudos Estrangeiros de Beijing.

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