A literatura de Portugal cresce com espírito de navegação e aventura e está cheia de características especiais. Por muito tempo, obras lusitanas foram desconhecidas pelos chineses. Até que, em 1955, a primeira obra literária de Portugal foi publicada em chinês, o romance "Esteiros", de Soeiro Pereira Gomes. Desde então, começou a história da introdução da literatura portuguesa na China. Nos anos de 1960, novelas e contos de escritores como Eça de Queirós e Fernando Namora foram publicados em revistas chinesas. No entanto, nesse período, as obras não eram traduzidas diretamente do português para chinês, mas de outras línguas como o russo e o inglês.
Entrando na década de 80 do século passado, com o amadurecimento de tradutores de língua portuguesa, surgiu um boom da literatura de Portugal na China. E as obras começaram a ser traduzidas diretamente do português para o chinês. O diretor do Instituto de Estudos da Literatura Estrangeira da Academia Chinesa de Ciências Sociais, Chen Zhongyi, afirma: "A verdadeira introdução da literatura portuguesa em grande quantidade foi feita durante os anos 1980 e 1990. Durante essas décadas, os principais autores de Portugal, como por exemplo, Gil Vicente, Luís de Camões e Fernando Pessoa, foram apresentados aos leitores chineses. Além disso, a pesquisa sobre o tema também começou no país nesse período. O nosso instituto publicou vários livros sobre a história da literatura portuguesa, incluindo os traduzidos do português e os escritos por pesquisadores chineses."
Apesar do atraso, a introdução da literatura de Portugal na China conseguiu resultados comoventes. Segundo dados, as obras de cerca de 30 escritores e mais de 40 poetas foram traduzidas para o chinês e publicadas na China. Ao mesmo tempo, foram feitas cooperações entre institutos literários dos dois países, o que promoveu a divulgação. O diretor Chen Zhongyi disse: "A partir do fim dos anos 1980, nosso instituto começou a cooperar com a Fundação Calouste Gubenkian de Portugal na apresentação da literatura portuguesa à China. Publicamos juntos uma série de obras literárias portuguesas, incluindo "Os Lusíadas", de Luís de Camões, e poemas de Fernando Pessoa. Além disso, ainda organizamos juntos atividades na China, como simpósios de pesquisa da literatura portuguesa."
Na história da introdução da literatura portuguesa na China, não podemos esquecer os esforços dos tradutores. São exatamente os trabalhos deles que permitem que leitores chineses apreciem a maravilha dos livros protugueses. E um destaque entre eles é Fan Weixin, que já trabalhou na CRIpor, e hoje está aposentado. Traduziu do romance de José Saramago, "Memorial do Convento".
Em 1997, a versão chinesa do "Memorial do Convento" foi publicada. José Saramago veio a Beijing especialmente para participar do lançamento do livro. Na ocasião, ele perguntou a Fan Weixin sobre sua impressão na tradução da obra. E Fan respondeu: "É um galho. Ao encontrar as dificuldades na tradução, eu dava voltas e voltas como um tigre na jaula, queixando-me do escritor que criou tantos enigmas difíceis de desvendar".
"Com mais de meio século de introdução, a literatura portuguesa já atrai uma grande quantidade de leitores chineses. E acreditamos que mais obras literárias de Portugal serão trazidas à China," disse Chen Zhongyi.