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Entrevista com o redator da Editora de Literatura Popular da China sobre a introdução de obras literárias brasileiras
  2011-09-07 15:39:20  cri

Redator - Hu Zhencai, redator da Editora de Literatura Popular da China e estudioso de literatura de língua espanhola. Trabalha para a introdução e publicação de livros em espanhol e português e da literatura da América Latina.

CRI: A Editora de Literatura Popular é uma das primeiras e maiores editoras chinesas na introdução da literatura estrangeira aos leitores chineses. Poderia apresentar em rápidas pinceladas o trabalho neste aspecto?

Redator: A nossa casa editorial foi criada em 1951, dois anos após a proclamação da Nova China. É a única editora estatal chinesa voltada especialmente para a literatura nacional e estrangeira. Enquanto publica obras literárias modernas e contemporâneas da China, apresenta aos leitores chineses as obras clássicas e modernas da literatura estrangeira. O Brasil é um dos países mais importantes da América Latina e a apresentação de obras e escritores brasileiros faz parte do nosso trabalho. Já no final dos anos 50, publicamos as versões chinesas de vários livros brasileiros.

CRI: Quais são essas obras?

Redator: Publicamos "São Jorge dos Ilhéus", "Seara Vermelha" e "Terras do Sem-Fim", de Jorge Amado, respetivamente em 1956, 1957 e 1958, por isso, os leitores chineses conheceram o grande escritor brasileiro já nos anos 50 do século passado. Logo depois, em 1959, publicamos as versões chinesas de poesias de Castro Alves e de "Os Sertões", de Euclides da Cunha. Até 1960, nossa editora, ou a China, como já disse que éramos a única editora voltada à apresentação da literatura estrangeira, publicou sete obras do Brasil.

CRI: De 1949 até início dos anos 60 é o período inicial da introdução das obras literárias brasileiras na China. Sabemos que desde meados da década de 60 até meados dos anos 70, durante a Grande Revolução Cultural, período conhecido como o "decênio caótico", a introdução de obras estrangeiras foi totalmente suspensa. Só no final dos anos 70, quando a China entrou no período de reforma e abertura, a tradução e publicação de obras estrangeiras viveu um novo apogeu no país. Como foi a apresentação das obras brasileiras nesse período?

Redator: Do final dos anos 70 até o princípio dos 90, foi a segunda etapa, ou o segundo apogeu para a apresentação da literatura brasileira em nosso país. Devido ao colapso causado pelo "decênio caótico", especialmente à carência entre o final dos anos 70 e o início da década de 80, conhecido como "período de escassez", os leitores tinham sede de livros e a tiragem de qualquer obra de literatura estrangeira publicada nesse período atingiu dezenas e até centenas de milhares de exemplares. Foi nesse período que o realismo mágico da América Latina e "Cem Anos de Solidão", de Gabriel Garcia Márquez, foram apresentados aos chineses.

CRI: Lembro-me de que no início dos anos 80, a telenovela brasileira "A Escrava Isaura" passou na TV aqui e provocou um grande impacto entre os telespectadores chineses. Seria possível dizer que essa telenovela abriu uma janela do Brasil para os chineses?

Redator: Isso mesmo. Qualquer telenovela estrangeira que faça sucesso na China sempre desperta grande interesse dos espectadores para a política, economia, cultura e vida daquele país. "A Escrava Isaura" fez com que os chineses conhecessem um país longínquo, que é o Brasil. Depois da telenovela, a Editora Renmin, da província de Jiangsu, publicou a versão chinesa do romance de mesmo nome e o livro teve muito boa aceitação entre os leitores. Após a adoção da política de reforma e abertura, foi rompido o princípio antiquado sobre a divisão industrial entre as editoras chinesas e todas as editoras de literatura e arte podem traduzir e publicar obras literárias estrangeiras, razão pela qual muitas editoras em nível provincial também começaram a publicar obras literárias brasileiras.

CRI: Poderia citar as principais?

Redator: Por exemplo, "Mar Morto", "Os Velhos Marinheiros", "Tocaia Grande", "Dona Flor e Seus Dois Maridos", de Jorge Amado; "O Silêncio da Confissão", de Josué Montello; "O Senhor Embaixador", de Érico Veríssimo; "Cascalho", de Herberto Sales; "A Sucessora", de Carolina Nabuco. Nesse período, nossa editora organizou a tradução e publicação da versão chinesa de "Norte das Águas", de José Sarney e "O Pagador de Promessas", de Dias Gomes. Foram cerca de 15 títulos brasileiros publicados nesse período.

CRI: Nos últimos anos, as obras de Paulo Coelho também foram traduzidas e publicadas na China.

Redator: Sim. A Editora Yiwen, de Shanghai, traduziu e publicou a versão chinesa de "O Alquimista", "Veronika Decide Morrer" e "Na Margem do Rio Pedra Eu Sentei e Chorei", de Paulo Coelho. Apesar de não serem tão influentes como no mercado europeu, causaram certa repercussão no mercado chinês. Depois desses livros, nossa editora traduziu e publicou "Iracema", de José de Alencar. Segundo estimativas preliminares, nos últimos dez anos, a China publicou cerca de dez títulos de autores brasileiros e esta década pode ser considerada como o terceiro auge da introdução da literatura brasileira na China.

CRI: A Editora de Literatura Popular concede um Prêmio do Ano para romances estrangeiros. Em 2009, "O Vendedor de Sonhos", de Augusto Cury, foi um dos premiados. Quais são os objetivos e as regras da premiação?

Redator: Em 2002, nossa editora, junto com a Sociedade Chinesa de Literatura Estrangeira e as sociedades de estudos da literatura de diversas línguas estrangeiras, criaram esse prêmio, com uma categoria que abrange a literatura de língua espanhola, de língua portuguesa e da América Latina, classificada como "comunidade de língua espanhola e portuguesa". Desta "comunidade", é selecionado anualmente um Romance do Ano. Desde 2001, vários romances estrangeiros, mas não mais que oito, foram selecionados para o prêmio. Devem ser romances que foram publicados pela primeira vez naquele ano, que têm importância social, histórica e cultural para o progresso da humanidade, que exibem características artísticas e valores estéticos significativos, bem como que exercem certo âmbito de influência.

CRI: A "comunidade de língua espanhola e portuguesa" tem uma abrangência enorme, com inúmeros romances publicados anualmente. Como vocês escolheram "O Vendedor de Sonhos" para o Prêmio do Ano?

Redator: Quanto a esta questão, basta citar as avaliações do júri: "Na opinião do autor, que é psiquiatra e psicoterapeuta, a sociedade atual se tornou um grande manicômio global devido à falta de sonhos. O que é o sonho e por que sonhamos? São exatamente estas as questões que "O Vendedor de Sonhos" tenta responder. Enfrentando a realidade, o livro visa orientar os leitores a fazerem uma análise vinda do coração, para que aprendam a governar suas mentes e emoções, a fim de dominar verdadeiramente seu próprio destino."

CRI: Através de sua apresentação, podemos perceber que a introdução das obras literárias estrangeiras teve altos e baixos, acompanhando a situação geral do país. Como você avalia a tendência de desenvolvimento neste aspecto?

Redator: Acho que a introdução das obras literárias estrangeiras, incluindo as brasileiras, está entrando numa fase estável e mais ordenada e racional, graças à regularização e ao amadurecimento do mercado doméstico.

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