Advogados de origem chinesa que moram em vários países decidiram formar uma aliança para ajudar a recuperar relíquias culturais retiradas do país, resultado do polêmico leilão realizado recentemente em Paris.

"Dez advogados em cinco países juntaram-se à aliança", disse hoje, por telefone, de Madri, à Xinhua Liu Yang, porta-voz e um dos fundadores do grupo. "Eles trabalharão em casos futuros e similares ao do leilão das duas esculturas de bronze em Paris".

A aliança planeja ter um coordenador em "cada país onde haja um grande número de objetos culturais chineses saqueados ou perdidos", disse.

Entre esses países estão as oito nações que formaram uma força militar conjunta que invadiu a China em 1900, acrescentou.

Esses ataques militares foram feitas pela Grã-Bretanha, França, Alemanha, Rússia, Estados Unidos, Japão, Itália e Império Austríaco-Húngaro, sendo que este último foi dividido em 1918 em várias nações no centro e sudeste da Europa.

Oitenta e um advogados chineses e três colegas estrangeiros formaram um grupo que tentou suspender o leilão das duas cabeças de bronze, uma de coelho e outra de rato, saqueadas de Yuanmingyuan, o Antigo Palácio do Verão, pelas forças aliadas anglo-francesas durante a Segunda Guerra do Ópio em 1860.

A tentativa deles em suspender o leilão junto a um tribunal em Paris fracassou em 23 de fevereiro, dois dias antes do evento realizado pela casa leiloeira Christie's.

A nova aliança agora está se envolvendo nesse caso. "Nós temos um grupo de advogados na França para este caso. Eles acompanharão de perto o desenvolvimento da transação comercial e decidirão ações futuras", disse Liu.

No entanto, especialistas em direito em Beijing expressaram que existem grandes dificuldades para recuperar tais objetos culturais por meio de ações judiciais.

"Até agora, eu não vi quaisquer convenções ou leis internacionais, que pudessem ser aplicadas a tais relíquias culturais como as duas cabeças de bronze", disse Wang Yunxia, professor de direito aplicado a relíquias culturais da Universidade de Renmin, em Beijing.