Terminou recentemente em Beijing a Feira de Encomenda de Livros, o primeiro encontro deste ano entre editoras e distribuidores nacionais e internacionais. Durante quatro dias de negociações, foram fechados acordos com valor superior a 2,5 bilhões de yuans, um aumento de cerca de 20% em relação ao ano passado. Especialistas se dizem otimistas com o setor, mas alertam também dos impactos que a crise financeira mundial pode provocar.
A Feira de Encomenda de Livros existe há mais de duas décadas. É reconhecida como o "cata-vento" do setor editorial. Apesar de envolvida no clima da crise, a feira foi marcada pela animação e vitalidade. Mais de 600 editoras nacionais e estrangeiras trouxeram 150 mil novas publicações.
Segundo Sun Qiao, diretor de distribuição da Oriental Audio and Video Digital Publishing House, sua editora focalizará neste ano livros sobre gestão e administração, e não deve reduzir sua produção nem alterar o plano anual, apesar da crise financeira. Para ele, a venda de livros sobre gestão e administração talvez tenha alta este ano.
"A crise financeira afetou muito a indústria manufatureira, mas talvez traga oportunidades para o setor editorial, pois as pessoas estão muito motivadas para estudar e aprender. Inserimos obras de agências estrangeiras prestigiadas para ajudar as empresas nacionais na busca de experiências. De forma geral, obras de qualidade sobre gestão e administração terão um bom mercado este ano".
Como Sun disse, livros que explicam a origem da crise hipotecária e falam de como enfrentá-la e como gerir os bens durante a recessão econômica ocuparam muito nichos da feira.
A China Machine Press lançou, desde o segundo semestre do ano passado, oito livros relacionados à crise financeira. Segundo a diretora de planejamento da editora, Wang Lei, indivíduos e empresas estão num ótimo momento para refletir e aprender.
"Quando a economia vai bem, as pessoas se concentram mais no consumo, por exemplo, compras e viagens. Como a economia mundial está agora numa fase difícil, chega a hora de ler. As empresas precisam melhorar sua administração, enquanto os indivíduos precisam de apoio psicológico e incentivos. Tudo isso traz oportunidades para nós".
Para o diretor de distribuição da Zhonghua Book Company, Hu Daqing, nesta sociedade moderna que enfrenta constantes crises, as pessoas precisam refletir quais são os impactos das suas atividades sobre o meio ambiente e o desenvolvimento social. Livros que abordam esse tema talvez encontrem mercado, completou Hu.
"A crise trouxe ao ser humano oportunidades para refletir. Na minha opinião, obras com esse tema devem ser bem procuradas. A antiga filosofia chinesa inclui conceitos sobre a contenção de desejo, reajuste dos meios de agir e preservação da natureza, entre outros. Estamos estudando essa parte em busca dos temas apropriados".
O setor editorial chinês viveu várias ondas nos últimos anos. Entre 2006 e 2007, ilustrações sobre obras clássicas chinesas ocuparam grande fatia do mercado. No ano passado, as vendas de livros que falam de saúde lideraram o ranking nacional. Que tipo de livro vai brilhar em 2009? Especialistas acham difícil prever, mas há um consenso amplamente reconhecido de que a qualidade fala mais alto.
Hu Daqing, da Zhonghua Book Company, destacou que a qualidade é o fator mais importante para ganhar o mercado, seja na recessão, seja na expansão econômica.
"Publicações com conteúdo nunca se preocupam com o mercado. Isso depende muito da atitude de editoras".
O escritor britânico, Tony Parsons, que também compareceu à feira, disse que as experiências do setor editorial britânico comprovaram que a população lê mais no período de recessão.
"É realmente um período difícil. A taxa de desemprego vem aumentando, mas as pessoas lêem mais. O mercado sempre dá boas-vindas às obras de qualidade. Estou bem otimista".
Segundo Tan Yue, presidente do Phoenix Publishing & Media Group, de Jiangsu, editoras nacionais encararam no ano passado a queda de lucros devido ao aumento do custo do papel, e devem passar um período difícil neste ano, mas não serão gravemente afetadas pela crise. Para Tan Yue, a indústria deve aproveitar para efetuar a fusão e a reestruturação.
"Para aquelas empresas bem preparadas e dotadas de capacidade financeira, chegou a oportunidade de se reformarem, pois as condições externas são favoráveis para isso".
|