Aos 51 anos de idade, Wang já lançou dezenas de álbuns fotográficos e realizou mais de 30 exposições em vários países. Em 1998, as obras de Wang foram selecionadas para a coleção de fotos de 60 mestres mundiais. Em 2002, ela brilhou novamente entre fotógrafas de todo o globo.
Sua última exposição individual, com o título "Definindo a Mulher", foi realizada este ano na cidade histórica de Pingyao. Durante o evento, a famosa curadora de arte norte-americana, Elisabeth de Brabant, falou assim ao nosso repórter.
"Você acha que haverá outra fotógrafa com experiência tão interessante?"
É verdade. Wang Xiaohui é uma personagem lendária.
Da década de 1980, depois de concluir o mestrado na Faculdade de Arquitetura da prestigiosa Universidade Tongji, em Shanghai, Wang ganhou uma bolsa para continuar os estudos na Alemanha. Antes de sair do país, ela se casou com o colega Yu Lin. Os dois foram juntos à Europa, onde Wang Xiaohui descobriu seu interesse pela fotografia.
A felicidade, no entanto, não durou muito tempo. No dia 31 de outubro de 1991, Wang e seu marido viajavam de carro à República Tcheca para fotografar. Um acidente no caminho deixou Wang Xiaohui inconsciente por dois dias no hospital. Quando retomou a consciência, soube que havia perdido para sempre o marido. Wang passou muito tempo deprimida.
"Tenho um arquivo para guardar minhas fotos. Normalmente fotografava 400 rolos por ano. Naquele ano em que perdi meu marido, só gastei 28 rolos. Dá para imaginar o tamanho da minha depressão".
Até agora, Wang Xiaohui continua solteira. Ao mesmo tempo, a tragédia a levou a focalizar a reflexão sobre a vida nas suas produções fotográficas. Por exemplo, na série "Flores", Wang tentou interpretar temas como vida, morte e amor. Ela falou:
"Nesta série, pretendo mostrar não só a beleza de flores, mas também o conceito de vida e morte. Junto com o amor, esses são meus temas favoritos. Procuro expressá-los de diferentes maneiras".
Na exposição Definindo a Mulher, duas séries de fotos despertaram muita atenção dos visitantes. O primeiro grupo, Jardim de Shanghai, mostra várias mulheres chinesas vestindo Qipao, traje tradicional chinês, num jardim bonito. Wang Xiaohui explicou:
"Estas fotos têm um grande sentido simbólico e metafórico, que inclui a solidão, o desejo feminino e as relações complexas entre as mulheres".
Outro conjunto reúne vinte fotos nas quais a própria Wang Xiaohui foi modelo. Ela interpretou mulheres chinesas de diferentes épocas, inclusive uma princesa da antiga China, uma mulher de Shanghai dos anos 1930, uma estudante no Movimento de 4 de Maio, uma militante da resistência na guerra contra a invasão japonesa, uma mulher chinesa durante a Revolução Cultural. Para ela, um século de história é uma sucessão de imagens.
"Venho prestando atenção à sociedade. Antes costumava me concentrar nos indivíduos. Agora vou tentar colocar minhas produções num contexto histórico".
Para os fãs de Wang Xiaohui, ela é ao mesmo tempo uma artista e uma estrela. Yu Jin, da Faculdade de Fotografia da Universidade de Silvicultura de Zhejiang, avaliou:
"Adoro as fotos delas. Ela passou por muitas dificuldades, mas não se deixou abater".
Wang Xiaohui aproveitou a entrevista para dar sugestões às novas gerações.
"Sugiro que, ao invés de imitar outros, os jovens fotógrafos expressem seus verdadeiros sentimentos. Fotografem não só com o olhar, mas também com o coração".
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