Yu Guangyuan, de 59 anos de idade, é o principal divulgador da dança folclórica Shalang, da etnia Qiang. Morador do distrito Maoxian, na província de Sichuan, no sudoeste da China, Yu Guangyuan sentiu como milhares de seus compatriotas os sofrimentos provocados pelo abalo sísmico do dia 12 de maio. Apesar disso, ele se disse convicto de que sua etnia superará a dificuldade.
O dia 14 de junho marcou o terceiro Dia Nacional dos Patrimônios Culturais. Naquela noite, o espectáculo denominado "charme da província de Sichuan", com uma mostra de cantos e danças folclóricos, atraiu um grande número de visitantes. Artistas provenientes de Wenchuan, Maoxian e Beichuan, regiões mais afetadas pelo terremoto, chamaram muita atenção dos espectadores. Yu Guangyuan faz parte do grupo de artistas da etnia Qiang. Ele contou ao repórter da CRI:
"A região onde mora a etnia Qiang foi bem afetada pelo desastre. O impacto à sua cultura foi inimaginável. Além disso, o ambiente natural da região sofreu mudanças dramáticas".
A etnia Qiang, conhecida como "etnia que vive em nuvens", costumar habitar regiões montanhosas. Os Qiangs constroem suas casas com pedras e suas residências ficam normalmente escondidas em montanhas, formando uma paisagem especial. Durante os festivais tradicionais, meninos e meninas cantam uns com os outros e todos os aldeãos dançam em torno de fogueiras, tocando flautas e batendo tambores.

O terremoto de oito graus na escala Ritcher danificou as casas construídas pelos Qiangs e matou inúmeros compatriotas de Yu Guangyuan. A população da etnia era de apenas 300 mil. O desastre diminuiu ainda mais o número de Qiangs. Yu Guangyuan contou:
"Apenas no distrito de Beichuan, morreram uns trinta colegas. Apesar de não sermos do mesmo distrito, fizemos juntos pesquisas sobre a cultura Qiang. Estou muito triste por perdê-los".
Para Yu, o dano que o terremoto provocou ao setor cultural da sua terra foi enorme também. Desabou um museu folclórico, com materiais de pesquisa e fotografias sobre etnia Qiang ficando sob os escombros. No entanto, Yu Guangyuan destacou que sua etnia não será derrotada pela calamidade.
Já no começo do ano, o Ministério da Cultura decidiu promover um show que reúne óperas locais, inclusive óperas de Sichuan. Mas o terremoto aconteceu de surpresa e muitos artistas faleceram ou desapareceram. Os sobreviventes, por outro lado, começaram a participar dos trabalhos de resgate. A situação levou os organizadores a suspenderem o show, mas os artistas de Sichuan insistiram em viajar a Beijing. Yu Guangyuan recordou:
"O terremoto cortou a comunicação e eu só tinha contato com um artista. Ele me encorajou a fazer a apresentação em Beijing".
Yu começou, então, a procurar seus colegas. A pé, de ônibus e de avião, chegaram finalmente a Beijing. Levaram suas canções e danças ao palco da capital, encantando a todos os espectadores. A universitária Qu Hongmei disse que foi emocionante:
"O que aconteceu após o terremoto justificou a união entre diferentes etnias na China. Somos da mesma família. Espero que Sichuan se torne cada vez mais bonita e as pessoas dos grupos étnicos reconstruam o mais cedo possível sua terra".
Falando da transmissão da cultura da etina Qiang, Yu Guangyuan manifestou confiança. Por um lado, as novas gerações estão tomando consciência do valor da expressão cultural de sua etnia com o aprimoramento do setor educacional local. Por outro lado, o país vem reforçando o investimento na proteção dos patrimônios imateriais. As políticas promovidas pelas autoridades após o terremoto são estimulantes, de acordo com Yu. Durante sua visita à região afetada pelo abalo, o primeiro-ministro Wen Jiabao ressaltou a importância de proteger a cultura dos Qiangs. Yu foi convidado logo depois a participar da discussão sobre o tema convocada pelo Departamento de Cultura de Sichuan. O plano é construir uma zona de preservação para a etnia Qiang, tomando como centro o distrito Maoxian.
"O Ministério da Cultura e o setor nacional dão muita atenção à nossa cultura. É um fenômeno estimulante para nós. Nossa etnia já vivenciou tantas coisas durante milênios e não será derrubada por qualquer força. Agradecemos muito o apoio dado pelo governo e por toda a população".
Yu Guangyuan disse que se sente responsável por divulgar a cultura do seu grupo, sobretudo depois de sobreviver ao desastre.
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