Cao Zhi - 192-232
O mais conhecido poeta da família Cao foi Cao Zhi. Foi também aquele que conheceu a mais triste das sortes. Aos vinte anos foi nobilitado como marquês de Pingyuan e, mais tarde, Príncipe de sangue. O irmão mais velho, com inveja do seu talento e uma vez elevado à dignidade de imperador, privou-o de todas as funções oficiais do Estado. Enamorou-se, ainda, da mulher que Zhi amava, com ela vindo a se casar.
Cao Zhi foi contemporâneo dos "Sete Poetas do Período de Jian´an", que eram orientados por Wang Can. Esta geração cresceu nos tempos perturbados da dinastia Han. Influenciado pelo espírito do Yuefu (Conservatório de Música), prosseguiu escrevendo poemas que dão uma imagem verdadeira do seu tempo. Destes poetas, Cao Zhi foi o melhor. Contudo, enquanto era jovem fidalgo, faltou-lhe a profundidade atingida nos poemas escritos posteriormente. Nestes, exprime sentimentos dolorosos, após ter sofrido múltiplos desgostos físicos e morais. Sabendo que era impossível realizar as suas ambições políticas, o poeta exprimiu a sua frustração na literatura, ai revelando, de modo notável, as desilusões. As dores próprias faziam-no conhecer o sofrimento profundo do seu povo.
Morreu com apenas quarenta anos de idade e deixou cerca de quarenta poemas e cinquenta e cinco peças literárias para o Conservatório de Música. A maior parte de seus versos é composta por "redondilhas menores" (cinco caracteres), que ele compunha com grande à vontade e elegância.
Poema Solto
Ao alto terraço chegam ventos tristes,
O sol da manhã brilha na floresta do Norte.
O viajante está a dez mil li de distância,
Rios e lagos, tão sinuosos, tão profundos...
Que barca nos levará a essas margens?
Como custa suportar o sentimento de despedida!
Um ganso selvagem, solitário, voa para o Sul.
Lança, ao passar o pátio, um longo grito desolado?
Pensa, com orgulho, nas pessoas distantes,
Deseja que lhe sejam confiadas as últimas notícias.
Aquela ave, de repente, desaparece,
Voando, destra, rasga o meu coração!
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