A ópera Kun é considerada como a "ópera mãe" de todas as óperas chinesa. A antiga arte, com cerca de 600 anos de existência, correu grave risco de extinção. Nos últimos tempos, com os esforços de personalidades e autoridades do setor, a Ópera Kun voltou a ganhar popularidade. A peça Pavilhão de Peônia, por exemplo, continua em cartaz. Um grande número de livros e DVDs sobre a ópera foi lançado e os profissionais estão cogitando compor e encenar um bailado sobre a ópera Kun.
Você está ouvindo um trecho da ópera Pavilhão de Peônia. Ela entrou em cartaz no começo de maio em Beijing, estreada por jovens atores do Teatro da Ópera Kun de Suzhou, junto com uma das maiores expressões do teatro kabuki japonês, Tamasaburo Bando. Durante a temporada de dez dias, ela atraiu um grande fluxo de espectadores.
Tamasaburo Bando desde há muito estuda a língua chinesa e aprendeu os segredos da Ópera Kun com a mestre chinesa Zhang Jiqing. Depois de um ano de intenso preparo, ele conseguiu concretizar o sonho de se apresentar numa peça da Ópera Kun no território chinês. Na peça, Bando deu vida à protagonista Du Liniang. A interpretação do papel feminino por um homem sucumbiu passo a passo dos palcos desde os anos 50 do século passado.
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Fã do ator da ópera de Beijing, Mei Lanfang, o ator japonês nasceu numa família de artistas. Ele falou sobre sua apresentação na China.
"Há 22 anos visitei pela primeira vez Beijing e dois anos atrás, nutri a idéia de colocar no palco a peça Pavilhão de Peônia. Há três meses, consegui apresentá-la em Tóquio e, finalmente, pisei num palco chinês. Estou emocionado".
Bando disse que pretendia reviver o antigo ambiente que permeava o teatro. Para tanto, desenhou pessoalmente as toalhas usadas em cada mesa no teatro. A reação dos espectadores, por fim, foi o seu melhor prêmio. A tempestade de aplausos fez o ator japonês chorar várias vezes.
A Ópera Kun nasceu em Kunshan, perto de Shanghai, é uma das mais antigas óperas chinesas. Em 2001, a arte foi tombada como Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO, despertando a atenção das autoridades chinesas. Desde então, Pavilhão de Peônia ganhou várias versões e adaptações.
Esta é a nova versão de Pavilhão de Peônia, que narra a história de amor entre Liu Mengmei e Du Liniang, com um desfecho trágico devido à diferença entre suas posições sociais.
O literato de Taiwan, Bai Xianyong, é um dos principais responsáveis pelo ressurgimento da Ópera Kun na China. Foi ele que juntou pela primeira vez artistas de Hong Kong, Taiwan e do Continente para fazer ensaio da Ópera Kun. Ele selecionou pessoalmente os artistas e entrou em contacto com famosos mestres para levar a peça a Taiwan, Hong Kong, Estados Unidos e Grã-Bretanha. Em sua avaliação, Pavilhão de Peônia vai muito além de uma simples peça, pois simboliza uma tentativa de resgatar uma arte tradicional.
"Pavilhão de Peônia é fruto de um árduo trabalho, que absorveu pesados investimentos privados e o apóio do governo. Sentimos que não estamos apresentando uma peça, mas sim resgatando nossas relíquias culturais".
Na avaliação de Bai Xianyong, a cultura tradicional chinesa sofreu grandes impactos externos. Sob tal circunstância, o treinamento de jovens artistas se tornou a prioridade do setor.
O ator Yu Jiulin, 30 anos, trabalha no Teatro da Ópera Kun de Suzhou. Segundo ele, o que o impressionou mais foi a atitude responsável que as velhas gerações assumiram em relação à proteção de culturas tradicionais.
"Os velhos artistas da Ópera Kun dedicaram suas vidas à arte. Eles têm grande responsabilidade e sempre estão ansiosos para ensinar tudo a seus alunos".
Adaptada ao paladar dos jovens gerações, a nova Pavilhão de Peônia foi muito aplaudida. A universitária Zhang Hui disse que a peça lhe lembrou da região de rios e lagos no Sul da China.
"Vi o intenso marketing em torno da nova versão de Pavilhão de Peônia. É bem diferente da Ópera de Beijing, que costumamos prestigiar em Beijing. A linguagem da Ópera Kun é linda".
O responsável do Teatro da Ópera Kun, Lv Fuhai, disse que o sucesso obtido por Pavilhão de Peônia no Japão provou que a cooperação internacional é uma boa opção para divulgar a Ópera Kun.
"A cooperação teve um papel positivo na promoção internacional da Ópera Kun. Em março, as vinte apresentações no Japão foram bem recebidas pelos espectadores, pois muitos deles não conheciam nada sobre esta arte".
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