Tu Jie, de 47 anos, integra a lista dos cem maiores artesãos chineses da era contemporânea. Ele é também um empresário bem-sucedido.
Este artesão chinês é tido como uma "personagem lendária" em virtude de sua experiência e dos êxitos alcançados. Formado em Automatização Eléctrica, Tu Jie atuou por um longo período no setor de equipamentos eléctricos. Estudou no Reino Unido e nos Estados Unidos e fundou empresas em Hong Kong, Shenzhen e Shanghai. No tempo livre, Tu se entrega à paixão pela escultura. Promoveu exposições individuais em Cingapura, Malásia, Japão, Coréia do Sul, Reino Unido, França, Alemanha e EUA e ganhou mais 160 prêmios no exterior. Suas obras são colecionadas por muito museus no mundo. Tu Jie assume agora o cargo de diretor do Instituto de Pesquisa sobre Sândalo Vermelho.
Tu nasceu em 1961 em uma família de emigrantes repatriados de Shanghai, a maior metrópole chinesa. Seu pai, dotado de alto nível de conhecimento em pintura a óleo e escultura, trabalhava como professor catedrático da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Segundo Tu, foi seu pai que incentivou seu interesse pela arte.
"O meu pai é um pintor. Quando eu era pequeno, ele me orientava neste aspecto e comecei assim a me interessar pela cultura tradicional. Criei o hábito de apreciar a arte".
Mas o elo da família Tu com a arte começou ainda no período feudal. Um de seus antepassados era um técnico imperial que cuidava das instalações feitas de madeira. Com as ferramentas passadas de geração em geração na família, Tu começou na adolescência suas primeiras práticas na escultura.
Tu Jie é também um amante da fotografia. Ele aproveitou suas férias para visitar famosos locais turísticos e fotografou montanhas e rios. Durante suas viagens, coletou inúmeras pedras com formato exótico e montou com elas miniaturas de paisagens. Aos 18 anos, Tu virou o membro mais jovem da Sociedade Chinesa de Jardinagem.
Nos anos 70, o setor artístico do país sofreu uma grande paralisação devido a fatores políticos. As universidades fecharam cursos vinculados à arte e Tu Jie não tinha outra opção, a não ser estudar ciências. Ficava imerso, no tempo livre, nas produções de esculturas de pedra, de barro, de miniaturas, e no estudo de literatura clássica, música, budismo e pintura.
Tu viveu no Reino Unido, Estados Unidos e Norte da Europa. Enquanto estudava, trabalhava em restaurantes e pintava na rua, acumulando assim dinheiro suficiente para abrir uma empresa. Durante o período, Tu Jie visitou museus de arte de muitos países ocidentais e refletiu sobre a arte tradicional chinesa. Tomou uma decisão importante.
"Meu avô interpretou a sabedoria, a cultura e a antiga civilização chinesa através de sua arte única, que pode simbolizar a China. Eu decidi jamais deixá-lo se perder".
Tu Jie retornou ao país e iniciou seu negócio em Hong Kong. Depois, foi ao Sudeste Asiático procurar madeiras raras para a confecção de esculturas. Na antiguidade chinesa, a escultura feita de sândalo vermelho era considerada a mais preciosa. Tu Jie dedicou-se plenamente às operações da empresa, conseguindo um forte apoio financeiro à sua produção artística.
O artesão chinês criou novas técnicas para a escultura em madeira, usando como referência a essência da pintura tradicional chinesa.
"As pinturas tradicionais chinesas ressaltam a reflexão do mundo espiritual. Isso me inpirou muito na produção de esculturas".
Em 1999, a escultura de madeira Guan Yin, produzida por Tu durante quatro anos, foi dada como presente nacional ao povo tailandês, que estava sofrendo com uma crise financeira. O artesão chinês ganhou a designação de "enviado chinês da amizade". No momento, Tu Jie está planejando a criação do "Museu de Tesouro Nacional" em Shanghai. Segundo ele, o lugar deve ocupar uma área de 50 mil metros quadrados, servindo como uma plataforma para os intercâmbios entre artistas nacionais e estrangeiros.
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