Filhos deixavam os pais, maridos abandonavam as esposas
e partiam, dezenas de milhares, para a guerra.
Nem um só regressou.
Este velho tinha então vinte e quatro anos, meu nome nas listas de recrutamento.
Furtivamente, a meio da noite, com uma pedra, quebrei os ossos do braço direito.
Não podia distender o arco, segurar pendões, e fui poupado a guerra em Yunnan.
Os ossos partidos, tendões esmagados, quanto sofrimento!
Mas meu corpo continuava vivo e eu de regresso ao lar.
Sessenta anos passaram, ainda hoje nas noites de chuva e vento,
quando o frio úmido encharca a aldeia,
dores terríveis, noites inteiras sem dormir.
Nenhum queixume, alcancei a velhice, sou feliz,
De outro modo estaria morto nas margens do Lu,
meus ossos abandonados, meu espírito vagueando num ar fétido,
fantasma nostálgico, vagabundeando sobre valas comuns".
Escutai, fixai as palavras do ancião.
Song Kaifu, primeiro-ministro nos anos Kai Yuan,
não recompensava façanhas militares,
não desejava a guerra.
Yang Guozhong, primeiro-ministro nos anos Tian Pao,
exaltava os feitos belicos para obter os favores do imperador.
Sua recompensa, o ódio de todo um povo.
Perguntai ao velho mutilado de Xinfeng que tudo sabe.
|