Temas femininos em foco
Wang Quan´an produziu apenas três filmes e todos focalizam temas femininos. Para o cineasta, "as mulheres são perceptivas e sensíveis, suas reações aos assuntos refletem muitas vezes, o núcleo das questões. Respeito-as", disse.
Wang Quan´an, 42 anos, esperava ser pintor profissional quando criança. Aos 12 anos, deixou a escola, tornou-se um dançarino numa companhia coreográfica e começou sua turnê pelas cidades e campos. Em 1985, surgiu-lhe o forte ímpeto de fazer um filme. Em 1987, desistiu da oportunidade de freqüentar um curso de diretor no Instituto de Cinema de Lyon, França, e entrou na Faculdade de Performance do Instituto de Cinema de Beijing por se considerar como "conhecer mais a China".
Desempenhou o papel de um motorista no Bom dia, Beijing, filme clássico indicado pelos diretores da Sexta Geração do cinema chinês, e teve a interpretação "exata" para os críticos. Graduado do Instituto de Cinema de Beijing, voltou a Xi´an, sua terra natal, para trabalhar no Estúdio Cinematográfico de Xi´an como roteirista. Escreveu 13 roteiros de cinema. Para ele, um bom diretor, que quer entender da melhor maneira a estrutura de filme, deve seguir o exemplo do diretor de Hollywood, Francis Ford Coppola, escrevendo seus próprios roteiros.
Em 2000, Wang Quan´an produziu seu primeiro filme Eclipse da Lua. A produção é considerada como La Double vie de Véronique da China, despertou a atenção dos cinéfilos com suas intuições e novidades e foi exibido em vários festivais internacionais. Foi o Eclipse da Lua que comprovou a Wang sua capacidade para ser um diretor de cinema. Ele reconheceu que naquele tempo, "encontrava-se na fase de auto-expressão, não levava em conta os espectadores e considerava que o filme podia fazer tudo e expressar tudo." Posteriormente, no entanto, descobriu que o filme é apropriado para contar histórias e disse: "Muitas vezes não é um assunto grande que ignoramos, é, em fim, o a-bê-cê. Os filmes são produzidos para a maior platéia possível, o que é o a-bê-cê".

Em seu segundo filme História de Ermei(Jingzhe), Wang Quan´an abandonou as técnicas e o estilo clássico e dedicou-se a contar uma boa história: O pai da moça camponesa Ermei prometeu-se a casá-la a uma família rica da aldeia. Ermei fugiu do casamento e foi à cidade. Mas a ilusão na cidade e no amor se desvaneceu rapidamente e a moça Ermei tornou-se uma mulher. Finalmente, voltou à aldeia, onde se casou com o homem da família rica. Neste filme, Wang reconheceu pela primeira vez as personagens, alvos de sua produção, considerou que eles "não deviam envergonhar-se em comparação às pessoas de qualquer lugar do mundo" e compreendeu que a conotação de cinema está enraizada nas boas e agradáveis histórias.
O Casamento de Tuya tem as cenas exteriores de uma zona perto da terra natal da mãe de Wang Quan´an. Wang disse: "Adoro os pastores mongóis daquela zona, seu modo de viver e sua música. Quando ouvi dizer que a desertificação de pastagem é muito séria e o governo local mandou os pastores mudarem-se da zona, decidi fazer um filme antes que tudo desaparecesse. A história de Tuya tem a origem de um fato verídico nessa zona".

Wang Quan´an disse: "Espero produzir um filme cheio da beleza e força. Escolhi a casa da última família a mudar-se como o principal set de filmagem. Os atores são pastores mongóis. Os trabalhos de filmagem findaram e essas casas e pastores desapareceram. Estes não são mais os mongóis, cavaleiros e orgulhosos. Tornaram-se agricultores nos subúrbios das cidades ou vendedores de frutas nas esquinas das cidades, pessoas mais ou menos como nós. Isso me entristece. Mas, sinto a alma tranqüila ao pensar que aquelas pessoas que eram bonitas, suas alegrias e tristezas são registradas por um filme que tem o título o Casamento de Tuya. E sempre neste momento, sinto-me muito feliz por ser um diretor de cinema e sinto admiração e gratidão ao cinema".
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