Na Antiguidade chinesa, as dificuldades de comunicação impediam os imperadores de estarem informados sobre o comportamento dos governadores locais. Frequentemente, os governadores provinciais ou distritais mandavam decapitar um criminoso e só depois informavam o imperador.
No período da dinastia Han do Leste, Dong Xuan foi governador do distrito de Lo Yang. Um criado da princesa Hu Yang, irmã mais velha do imperador Guang Wu, matou um inocente e conseguiu escapar à punição. Mas um dia, aproveitando a ausência da princesa, o governador Dong Xuan prendeu o assassino e ali mesmo o decapitou.
Ao saber do caso, a princesa Hu Yang, irritada, dirigiu-se ao palácio imperial e desabafou com o imperador, pedindo-lhe que punisse o atrevido governador.
O imperador Guang Wu chamou Dong Xuan para o interrogar, ameaçando condená-lo à pena capital. Porém, o governador defendeu-se, enumerando os monstruosos crimes do criado da princesa. Diante da abundância de argumentos do governador, o imperador acabou por desistir da punição.
Segundo estes registos históricos, os chineses criaram o provérbio Decapitar primeiro, informar o imperador depois. Mas atenção, prezado leitor: hoje em dia, este provérbio significa apenas que alguém resolve um problema por si próprio, sem pedir autorização ao escalão superior, dando apenas conhecimento à direcção do facto consumado ? como é óbvio, já não tem nada a ver com decapitações nem com o imperador.
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