Para os ocidentais, um lugar sossegado, um refúgio tranquilo, afastado dos problemas do mundo, é um "paraíso". Para os chineses, é um Pomar de pessegueiros foa do mundo.
A expressão vem da famosa obra literária Pomar de Pessegueiros, da autoria de Tao Yuan-ming, que viveu entre os anos de 365 e 427 da nossa era.
Na referida obra, Tao Yuan-ming conta uma interessante história:
Era uma vez um pescador que subia um rio com o seu barquinho. De repente, deparou-se com um lindo pomar de pessegueiros coberto de flores em pleno desabrochar. A brisa acariciava as flores, e as pétalas caíam suavemente.
O pescador continuoua remar, até se encontrar diante de uma montanha. Entrou por um dos seus vãos e ficou cheio de admiração, pois ali dentro era como se estivesse noutro mundo: ante os seus olhos estendia-se uma planície tranquila, cortada por riachos murmurantes e veredas ladeadas de pessegueiros. Mais ao longe, ouvia-se o canto dos galos e os latidos dos cães. Os habitantes daquele lugar eram felizes, e viviam na mais perfeita harmonia, revelando claramente o prazer que sentiam em viver.
Ao encontraremo pescador, ofereceram-lhe fartos banquetes, e perguntaram-lhe se ainda existia a tirânica dinastia Qin, que, aliás, já havia sido derrubada centenas de anos antes. Esse povo tinha fugido às perseguições de que fora alvo, e vivia afastado do mundo há centenas de anos.
Após passar ali alguns dias, o pescador despediu-se e regressou ao mundo.
Daí por diante, nunca mais ninguém viu o tal Pomar de pessegueiros foa do mundo, e foi justamente a partir desta história da obra de Tao Yuan-ming que os chineses criaram o provérbio Viver- ou Estar - no Pomar de pessegueiros foa do mundo.
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