Era uma vez, na Antiguidade chinesa, um homem do reino de Zheng que precisava dum novo par de sapatos. Antes de ir comprá-los à feira, mediu os pés com um pedaço de cordel.
Na feira, todos andavam numa enorme azáfama, e Zheng foi direito ao vendedor de sapatos:
- Bom dia, disse ele. Por favor, mostre-me um par de sapatos.
Pegando nos sapatos que o vendedor lhe estendia, Zheng meteu primeiro a mão num dos bolsos e depois no outro, com ar de quem estava muito perturbado.
- Maso o que tem o senhor? ? perguntou-lhe alguém amistosamente.
Sem dar qualquer resposta, Zheng continuava a vasculhar os bolsos. De repente, devolveu os sapatos ao vendedor e desatou a correr em direcção a casa, pois se tinha lembrado de que lá deixara o cordel com que tirara a medida dos pés.
Quando, finalmente, voltou com o cordel, já a feira tinha terminado.
Curioso de saber as razões do desânimo que lhe transparecia no rosto, alguém lhe perguntou o que acontecera?e Zheng contou-lhe então da sua má memória, que o levara a essa correria, sem que no entanto tivesse conseguido comprar os sapatos de que efectivamente precisava.
- Porque não experimentou os sapatos nos seus próprios pés? ? perguntou o outro.
- Não, isso não podia ser. Antes quero confiar na medida do cordel que acreditar nos meus pés!
Desta história, ficou o provérbio Zheng compra sapatos, com que os chineses satirizam os que acreditam mais nos dogmas do que na realidade objectiva.
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