Os provérbios chineses, na sua quase totalidade, vêm de histórias antiquíssimas, e fazem parte do tesouro linguístico do povo. Este provérbio, no entanto, teve origem nas condições climáticas duma província, Sichuan.
Quando alguém mostra estranheza perante aquilo que é absolutamente normal ou conhecido por todos, os chineses empregam, a seu propósito, o provérbio O cão de Sichuan ladra para o Sol.
A província de Sichuan, a mais populosa da China, que conta actualmente com mais de cem milhões de habitantes, situa-se no Sudoeste do país. O planalto de Yunam-Guizhou, a cordilheira de Da Ba e as montanhas de Wu, Qionglai e Emei formam, no Leste desta província, uma grande depressão pontilhada de colinas e cortada por rios e vales.
Estas características geográficas determinam uma abundante precipitação pluviométrica na região, já que, sendo cercada por altas montanhas por todos os lados, a referida depressão conserva a humidade, favorecendo a formação de nuvens e névoa. Nas duas maiores cidades da província, Chengdu e Chunqing, por exemplo, entre os 365 dias do ano, mais de 200 são nublados, mais de 100 de nevoeiro e apenas uns 20 dias por ano se apresentam de céu limpo.
O Sol é, por conseguinte, uma coisa rara na região Leste da província de Sichuan, e quando aparece os cães estranham e ladram para ele.
Este provérbio é geralmente usado em sentido pejorativo, mas nem sempre isso acontece, pois é também usado em reconhecimento da própria ignorância.
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