A Casa de Chá Lao She, um dos pontos culturais mais famosos de Beijing, Capital chinesa, recebeu na semana passada um grupo de clientes especiais. Foram 40 brasileiros que participam do II Simpósio de Sinologia e VII Imersão na Cosmoética, evento co-organizado pelo Centro de Intercâmbio Acadêmico Sino-Brasileiro (IASB), na China, e Colégio Invisível da Cosmoética, no Brasil. A coordenadora Cristina falou sobre a iniciativa do evento.
"Na condição de coordenadora desse grupo de Colégio Invisível da Cosmoética, nós fizemos uma pesquisa com a instituição IASB, que é coordenada por professores Kevin e Simone, na China, para justamente poder trazer um grupo de brasileiros para conhecer a China, ter palestras nas universidades chinesas e promover intercâmbio cultural".
Perante os contatos econômicos cada vez mais forte entre a China e o Brasil, Cristina vê outras alianças que podem ser feitas.
"Eu acho que no mundo atual tudo vai começar um pouco por dinheiro, porque é uma das partes mais sensíveis do Homem. Mas eu vejo que a partir daí, outro tipo de aliança e conhecimento, que pode ser feito. Por exemplo, a gente deve ver agora o fato de a China está hospedando a Olimpíada de 2008. Isso vai ser muito positivo para fortalecer os laços e intercâmbio da China com os outros países e outros povos. O nosso interesse primordial desse grupo de pesquisas é justamente poder reforçar os laços e intercâmbios culturais, para que a gente possa, a partir dos estudos e do aprofundamento da filosofia chinesa e confucionista, procura aprofundar mais nosso próprio conhecimento".
A programação do evento é diversificada: visita a seis cidades, inclusive Beijing, Jinan, Qufu, Wuhan, Shanghai e Xitang, promoção de dez palestras concedidas por professores Ph.D chineses nas três universidades, duas palestras do Colégio Invisível da Cosmoética, duas discussões em grupo do IASB, bem como diversas excursões turístico-culturais, segundo Kevin, presidente-executivo do IASB.

O grupo brasileiro é formado por membros de diferentes perfis, no entanto, todos curiosos por conhecer a cultura chinesa.
"Sempre tive o sonho de conhecer aquela muralha. Muita coisa acontece nela e isso para mim sempre foi um fascínio".
"Estou na China para me familiarizar um pouco com o povo chinês e aprender um pouco mais sobre uma cultura. A China é um país que atrai muita curiosidade dos brasileiros".
O jornalista brasileiro, Eucárdio Derrosso, estuda língua chinesa há seis meses e pratica também Taijiquan no tempo livre.
"Como jornalista, a gente se interessa muito por assuntos sobre a China. Sem querer, comecei a aprender o mandarim por seis meses. Gosto também de Taijiquan, exercício físico chinês. Tudo isso ajudou a minha vinda aqui".
A Casa de Chá Laoshe, construída em 1988 com base na descrição na obra literária do famoso escritor chinês Lao She, é marcada por seu estilo arquitetônico das dinastias Ming e Qing. Além de tomar chá, os visitantes podem assistir à ópera tradicional e apresentações folclóricas chinesas. A presença da pintora chinesa, Qi Huijuan, que improvisou pinturas à tinta chinesa, animou os visitantes brasileiros. Qi Huijuan é neta do mestre da pintura tradicional chinesa, Qi Baishi, professor honorário da Academia Central de Belas Artes e nomeado, após seu falecimento, personalidade cultural internacional pelo Conselho de Paz Mundial. Ela se disse honrada por poder apresentar a antiga arte aos visitantes que vêm de um país tão longe.
"A arte é um dos melhores meios para o ser humano se comunicar, seja qual política que siga e quanta diferença dos conhecimentos entre diferentes indivíduos. Fico muito feliz por ver tantos estrangeiros interessados na cultura tradicional chinesa. A cultura de cinco milênios da China abrange um conteúdo vasto. Dedico-me desde pequena à aprendizagem e ao estudo da cultura chinesa e até agora não me atrevo a dizer que já sei de tudo. No entanto, aprecio bastante a atitude de muitos estrangeiros almejam conhecer e entender nossa cultura milenar. Neste ponto de vista, temos responsabilidade de ampliar a divulgação da cultura chinesa".
Sobre a pintura de Bai, o professor Evandro comentou:
"Olha, o que eu acho impressionante foi a simplicidade dos traços, porém a movimentação que tem na pintura".
Para a advogada Maria Martim, a pintura de Qi transmite a filosofia chinesa.
"Eu vejo nela uma parte filosófica, de passar uma postura e um pensamento".
O procurador do Estado de Santa Catarina, Paulo Roney Ávila Fagúndez, pesquisa o extremo Oriente há muitos anos. Para ele, a China possui um papel de destaque na relação de equilibrar as tradições e as mudanças.
"O objetivo da minha pesquisa é fazer uma ponte entre o Oriente e o Ocidente, bem como uma análise desse processo de ocidentalização do Oriente e de orientalização do Ocidente, por isso vim à China para conhecer pessoalmente, mas também fazer uma reflexão do momento que nós estamos vivendo no mundo hoje. A China se caracteriza por uma complexidade de cultura tradicional, convivência marxista, e um enorme crescimento econômico. Como a China pode dar esse salto econômico e ao mesmo tempo, empenhar esforços para manter a tradição? Na relação entre a tradição e as mudanças, a China tem um papel de destaque".
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